29 de março de 2010

Não é hora de por a ciência climática na geladeira

A ciência das mudanças climáticas tem estado na defensiva nas últimas semanas, devido a um erro que exagerou drasticamente os números que apontavam para o desaparecimento das geleiras do Himalaia. Alguns na mídia e outros céticos sobre as mudanças climáticas estão tendo um momento de brilho, esmiuçando cada vírgula e suspiro nas avaliações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) de 2007.

Vozes estridentes estão até mesmo considerando o aquecimento global um embuste como o “bug do milênio”. Como resultado, a opinião pública tem ficado cada vez mais confusa à medida que o questionamento incessante ao IPCC e a seus integrantes toma uma proporção de caça às bruxas.

É realmente a hora de um teste de realidade. É mais do que certo apontar erros, fazer correções e conferir novamente a credibilidade e precisão de pesquisas. Também é certo que o IPCC reconheceu a necessidade de mais controle de qualidade para minimizar quaisquer riscos em novos relatórios. Mas vamos deixar de lado o mito de que a ciência das mudanças climáticas tem furos escondidos e está afundando rapidamente em um mar de mentiras.

Ao longo de 22 anos, o IPCC baseou-se no conhecimento de milhares das melhores cabeças científicas, indicados por seus próprios governos, na tentativa de esclarecer a complexidade de fenômenos ambientais descobertos, e os potenciais impactos deles na economia e na sociedade. O painel tem se esforçado para entregar o produto “perfeito” em matéria de suas obrigações, rigor científico, avaliação de especialistas e franqueza, e tem apresentado o conhecimento – mas também lacunas do conhecimento – em termos do que entendemos sobre o aquecimento global.

O relatório de 2007 representa a melhor avaliação de risco possível, mesmo que um erro – ou, para ser mais exato, um erro de tipografia – em sua declaração sobre os números do derretimento das geleiras do Himalaia.

Uma percepção propagada nas últimas semanas é de que o IPCC é sensacionalista: essa é talvez a mais surpreendente, se não risível, alegação de todas. Na verdade, o painel tem sido criticado por ser muito conservador em suas projeções do possível aumento no nível do mar no século 21. De fato, precaução ao invés de sensacionalismo tem sido o lema do painel ao longo de sua existência.

Em sua primeira avaliação, em 1990, o IPCC comentou observar que o aumento da temperatura era “coerente com as previsões dos modelos climáticos, mas que também tinha a mesma magnitude da variabilidade climática natural”. A segunda avaliação, em 1995, diz: “Os resultados indicam que a tendência observada na temperatura média global nos últimos cem anos não parecem ser originalmente totalmente naturais”.

Em 2001, seu terceiro relatório informava: “Há evidências novas e fortes de que a maioria do aquecimento observado nos últimos 50 anos pode ser atribuído a atividades humanas”. Em 2007, o consenso tinha atingido “uma convicção muito forte” – pelo menos 90% de chance de acerto – de que os cientistas estavam compreendendo como as ações humanas estavam fazendo o mundo ficar mais quente.

Isso não se parece com um organismo parcial ou proselitista, mas como uma organização que tem se esforçado para montar, organizar e entender um quebra-cabeça científico que se desenvolve rapidamente e para o qual novas peças surgem quase diariamente, enquanto outras ainda serão descobertas. Então talvez a questão que realmente está sendo negligenciada aqui seja essa: confrontado pela percepção crescente de que a humanidade se tornou a grande responsável pelas mudanças em nosso planeta, o IPCC, desde seu início, tem estado em corrida contra o tempo.

As enormes evidências agora nos indicam que a emissão de gases do efeito estufa precisa atingir o ponto máximo dentro da próxima década para termos alguma chance razoável de manter o aumento da temperatura global em níveis aceitáveis. Qualquer atraso pode gerar riscos ambientais e econômicos tão grandes que será impossível lidar com eles.

O fato é que o mundo pode ter de fazer uma transição para um futuro de baixo carbono e recursos renováveis mesmo se não houver nenhuma mudança no clima. Com o crescimento da população mundial de seis para nove bilhões nos próximos 50 anos, precisaremos melhorar o controle da nossa atmosfera, ar, terras, solos e oceanos.

Mais do que enfraquecer o trabalho do IPCC, nós deveríamos renovar e redobrar nossos esforços para apoiar sua tarefa gigantesca de reunir ciência e conhecimento para seu quinto relatório, em 2014. O que é preciso é uma resposta internacional urgente aos múltiplos desafios da segurança energética, poluição do ar, gestão dos recursos naturais e mudanças climáticas.

O IPCC é tão falível quanto os seres humanos que o compõem. Mas continua sendo, sem sombra de dúvida, a melhor e mais sólida instituição que temos para uma comunidade de mais de 190 países fazer essas tão críticas escolhas para o futuro do planeta.

***Achim Steiner é diretor-executivo do Programa Ambiental da ONU, co-anfitrião do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Tradução: Pedro Moreira

Fonte: Zero Hora

28 de março de 2010

Música tema da Comunidade Consciente



Há algum tempo eu vi um videoclip da banda amaricana Nickelback na televisão. Na época fiquei impressionada com o quanto a mensagem da música e do vídeo tinha a ver com o tipo de coisa que discutimos aqui na comunidade. Mas estava com pressa e acabei não anotando o nome da música. 

Enquanto procurava a melhor tradução de uma frase da Margaret Mead para o topo do site, eu me deparei novamente com o videoclip. Gostaria de compartilha-lo com vocês. Eu não consigo pensar em uma música tema melhor para este blog. Mas aceito sugestões....



Letras:

If Everyone Cared

Se Todos Se Importassem

From underneath the trees, we watch the skyDebaixo das árvores, nós olhamos o céu
Confusing stars for satellitesConfundindo estrelas com satélites
I never dreamed that you'd be mineEu nunca sonhei que você seria minha
But here we are, we're here tonightMas aqui estamos nós, aqui esta noite


Singing, amen, I ... I'm aliveEu digo amém, eu...estou vivo
Singing, amen, I ... I'm aliveEu digo amém, eu...estou vivo


[Chorus:][REFRÃO]
If everyone cared and nobody cried Se todos se importassem e ninguém chorasse
If everyone loved and nobody lied Se todos amassem, e ninguém mentisse
If everyone shared and swallowed their pride Se todos compartilhassem e engolissem seu orgulho
We'd see the day when nobody died Nós veríamos o dia que ninguém morreria


Im singin'amenE eu estou cantando


Amen, I ... Amen, I ... I'm aliveEu digo amém, eu...estou vivo
Amen, I ... Amen, I ... Amen, I ... I'm aliveEu digo amém, eu...estou vivo


And in the air the fire fliesE no ar, os vaga-lumes
Our only light in paradiseE sua única luz no paraíso
We'll show the world they were wrongNós mostraremos ao mundo que ele estava errado
And teach them all to sing alongE ensinaremos todos a cantar conosco


Singing amen, I ... I'm aliveEu digo amém, eu...estou vivo
Singing amen, I ... I'm aliveEu digo amém, eu...estou vivo


[Chorus x2][Refrão x2]


And as we lie beneath the starsE como nós nos encontramos abaixo das estrelas..
We realize how small we areNós percebemos o quão pequeno nós somos
If they could love like you and meE se eles pudessem amar como eu e você
Imagine what the world could beImagine como o mundo poderia ser


[Chorus x2][Refrão 2x]


We'd see the day, we'll see the dayNós veríamos o dia, nós veríamos o dia
When nobody dieQuando ninguém morreria
We'd see the day, we'll see the dayNós veríamos o dia, nós veríamos o dia
When nobody dieQuando ninguém morreria
We'd see the day when nobody dieNós veríamos o dia quando ninguém morreria

27 de março de 2010

Mais sobre o menino que domou o vento

Já falamos aqui no blog de William Kamkwamba, um jovem africano, que com dois livros de física elementar, um monte de lixo e a energia eólica, consegui gerar energa elétrica para abastecer lâmpadas e celulares em sua vila no interior da África.

Conheça mais sobre a inspiradora história deste ser consciente (o vídeo em legendas em poruguês) e leia seu blog.

Brasil se junta a mais de 100 países e vai apagar as luzes hoje para alertar sobre as mudanças climáticas

Mais de 70 cidades brasileiras vão apagar as luzes hoje (27) entre 20h30 e 21h30 para chamar atenção para as mudanças climáticas. Pelo segundo ano, o Brasil vai fazer parte da iniciativa Hora do Planeta, liderada pela organização não governamental WWF. Em 2009, mais de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo apagaram as luzes para alertar sobre os impactos do aquecimento global. 

Em todo o planeta, 117 países aderiram ao protesto. Ícones como a Torre Eiffel, em Paris, o Portão de Brandenburgo, em Berlim, e as pirâmides do Egito terão as luzes apagadas hoje sábado. A Fontana di Trevi, em Roma; a ponte Golden Gate, em São Francisco, e a  Cidade Proibida, em Pequim, também terão a iluminação desligada. 

“É uma hora por ano que a gente sugere que os cidadãos manifestem sua preocupação em relação à mudanças climáticas. É um momento de dizer em claro, alto e bom som, para as autoridades, para as empresas e também para a vizinhança que nós estamos vigilantes”, disse o superintendente de Conservação para Programas Regionais do WWF Brasil, Claudio Maretti.

Segundo Maretti, a falta de acordo na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em Copenhague, em dezembro, evidencia a necessidade de mobilização mundial por ações urgentes para evitar o aquecimento da Terra.“Em Copenhague, conseguimos reunir centenas de chefes de Estado e de governo, mas que não conseguiram chegar a uma solução concreta, clara, para fechar a um acordo de redução de emissões [de gases de efeito estufa]”. 

No Brasil, o Cristo Redentor, o Congresso Nacional e parte do Parque do Ibirapuera vão ficar sem iluminação durante uma hora. Dezenove capitais brasileiras vão participar da mobilização: Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Vitória (ES), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Curitiba (PR), Porto Alegre (RS), Fortaleza (CE), Manaus (AM), Palmas (TO), Rio Branco (AC), Recife (PE), Goiânia (GO), Belém (PA), São Luís (MA),  Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB), Florianópolis (SC) e Salvador (BA). 

O representante do WWF sugere que as pessoas façam pelo menos “uma apagar de luzes simbólico” ou programem um jantar à luz de velas no horário previsto para o protesto. “Ninguém está propondo um blecaute. O mais importante não é o pouco de economia de energia com esse apagar de luzes. A ideia é fazer uma corrente e iniciar a construção de um mundo melhor”, afirmou Maretti.

26 de março de 2010

Torcida pela sustentabilidade


Os torcedores dos outros times que me perdoem, mas... o meu querido Timão, depois de inovar sendo o primeiro time de futebol a publicar um relatório de sustentabilidade, acaba de lançar uma boa ideia, que, se virar moda, pode replantar toda a mata Atlântica. Afinal, somos o país do futebol!

A ideia é a seguinte: A partir de agora, a cada jogo do Corinthians e a cada gol marcado pelo time valerão 100 árvores plantadas. A iniciativa é do projeto de educação socioambiental Jogando pelo Meio Ambiente, do Banco Cruzeiro do Sul, em parceria com o Timão.

A preocupação em divulgar a ideia foi tal que até o mais distraído torcedor vai se dar conta do projeto. Um bandeirão de 30m x 20m será descerrado na torcida, bandanas serão distribuídas, cartazes serão dispostos ao redor do campo, um grito de torcida com uma mensagem de proteção ao meio ambiente será incentivado. Até mensagens de conscientização serão transmitidas pelo alto-falante do Pacaembu, neste próximo domingo, na partida entre Corinthians e São Paulo, a partir das 16h.

As ações de plantio de árvores tem parceria com o governo do Estado de São Paulo. Saiba mais sobre o projeto no site.

23 de março de 2010

Se o mar sumir

Um dos efeitos mais divulgados das mudanças climáticas é o aumento do nível do mar. Mas o que significa falar de aumento de 1m no nível do mar?

Este interessante infográfico do The Guardian Datablog, ilustra de maneira criativa o que irá acontecer quando o "mar atacar". Além de mostrar quando isso poderá acontecer e  que cidade mundiais poderiam ser afetadas.

When Sea Levels Attack

22 de março de 2010

Minuta da Política de Mudanças Climáticas do ES será encaminhada à Assembléia Legislativa em abril

Thiago Guimarães/Secom
Representante de diversos setores do Governo do Estado estiveram presentes.
Para estabelecer estratégias e ações frente aos efeitos das mudanças climáticas e sua incorporação às políticas públicas, o Governo do Estado está elaborando a Política Estadual de Mudanças Climáticas (PECM). A previsão é de que o projeto de Lei seja encaminhado à Assembléia Legislativa para aprovação em abril. Nesta segunda-feira (22), no Palácio da Fonte Grande, a minuta da Política foi apresentada aos secretários de Estados e diretores de órgãos gestores ligados diretamente a sua elaboração.

O evento contou com a presença do secretário de Estado de Governo (Seg), José Eduardo de Azevedo; da secretária de Estado do Meio Ambiente (Seama), Maria da Glória Brito Abaurre; do secretário de Estado de Gerenciamento de Projetos (Segep), Regis Mattos; da secretaria de Estado de Saneamento, Habitação e Desenvolvimento Urbano (Sedurb), Regina Curitiba; e do secretário de Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag), Enio Bergoli.

Também estiveram presentes o diretor presidente da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), Paulo Ruy Carnelli; o diretor geral do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Marcelo Ferraz; o diretor presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), Aladin Fernando Cerqueira; a diretora geral da Agência de Serviços Públicos de Energia do Estado (Aspe), Maria Paula de Souza Martins; e representantes do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) ; do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) e da Procuradoria Geral do Estado.

A apresentação foi conduzida pelo secretario executivo do Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas e diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Jones dos Santos Neves, Rodrigo Lorena, pelo coordenador técnico do Grupo de Mudanças Climáticas do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), David Casarin, e pela Gestora de Projetos da Segep, Gilbia Portela.

A PECM dispõe sobre as condições para as adaptações necessárias aos impactos derivados das mudanças climáticas, bem como propõe contribuições para redução ou estabilização da concentração dos gases de efeito estufa na atmosfera visando garantir o desenvolvimento sustentável. “O Estado reconhece a contribuição do homem para a mudança do clima e toma a frente, no sentido de criar uma estratégica para o enfrentamento desta mudança e seus efeitos”, disse David Casarin.

Como instrumento desta política, está sendo desenvolvido um inventário para identificar qual o nível atual de concentração destes gases do efeito estufa, ou seja, os gases responsáveis pelo aquecimento global no Estado e quais os principais setores responsáveis por estas emissões. Ele contemplará cinco setores principais: energia, transporte, indústria, agroflorestal e de resíduos.

A expectativa é de que este levantamento esteja pronto em julho 2010. Também está sendo elaborado o Plano Estadual de Mudanças Climáticas, que irá reunir as principais áreas do Espírito Santo a serem atingidas pelos efeitos das mudanças do clima por meio de um estudo de vulnerabilidade, para que se possam traçar estratégias para seu enfrentamento.

Informações Adicionais:
Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas

A elaboração da Política Estadual de Mudanças Climáticas teve início em setembro de 2009 e está sendo conduzida pelo Fórum Capixaba de Mudanças Climáticas (FCMC), que conta com a participação do Governo do Estado, por meio do IJSN, Seama e Iema, Seag, Idaf e Incaper, Aspe, Defesa Civil, Política Militar do Espírito Santo e o Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo (Bandes), e instiuições federais, agentes da iniciativa privada, sociedade civil organizada, Prefeitura de Vitória, entre outros.

O Fórum Capixaba foi criado em 2006 e atua em consonância com os debates e orientações do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), entidade científica designada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para fornecer informações sobre o atual estado das mudanças do clima e suas potencialidades ambientais e sócio-econômicas.

Ele também está em concordância com o Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, presidido pelo Presidente da República e que tem como objetivo conscientizar e mobilizar a sociedade para a discussão e tomada de posição sobre os problemas decorrentes da mudança do clima, além de auxiliar o governo na incorporação das questões sobre mudanças climáticas nas diversas etapas das políticas públicas.

Fonte:
Assessoria de Comunicação Seama/Iema
Texto: Amanda Amaral

Dia Mundial da Água

Para o Ser Consciente, é nos momentos dificeis que devemos compartilhar mais

 (Foto: Katherine Frey/the Washington Post)

O Washington Post traz a história de Reed Sandridge, um homem que recentemente perdeu seu emprego em uma organização sem fins lucrativos. Ao invés de sentir pena de si mesmo e apertar o orçamento, ele decidiu iniciar um inusitado projeto: doar 10 dólares todos os dias, por um ano, a pessoas que realmente precisem do dinheiro.   

Reed não tem expectativas sobre  a aplicação do dinheiro, nem espera nada em retorno. No início, muitos não acreditaram na iniciativa, mas Reed descobriu que é mais fácil doar dinheiro do que as pessoas pensam. A inspiração para o projeto veio de sua falecida mãe, que  custumava dizer-lhe: "É justamente nos momentos mais dificeis que devemos compartilhar mais".

Reed tem encontrado grande satisfação nessa experiência e não imagina o que fará quando o ano tiver terminado. O mais interessante é que muitas das pessoas ajudadas por ele tem passado a idéia adiante, doando 10 dólares a outras pessoas necessitadas. Reed está particularmente animado com o fato que sua mensagem esteja se espalhando e sensibilizando outras pessoas. 

Você pode acompanhar as façanhas dele no blog year_of_giving.


Adaptado de: "Tough times = Time to Give Back the Most' - The Hero Construction Company


19 de março de 2010

Apague a luz por uma hora e mostre ao mundo que você está a favor do planeta e contra o aquecimento global


Movimento Hora do Planeta 2010, promovido pela WWF, pretende mobilizar comunidade mundial a se manifestar contra o aquecimento global. Ação acontece no sábado, dia 27 de março, entre as 20h30 e 21h30.

Por Rogério Ferro, do Instituto Akatu


No dia 27 de março, entre as 20h30 e 21h30, faça uma experiência: abra as janelas da sua casa ou apartamento, apague as luzes e tente descobrir a beleza da luz natural. Além de viver um momento diferente e agradável, você estará participando de uma manifestação pacífica em favor da redução das emissões dos gases do efeito estufa – que causam o aquecimento global – e da conservação dos ecossistemas. Trata-se do movimento global Hora do Planeta 2010, organizado pela WWF em defesa da conservação do planeta.


Segundo os organizadores, é uma oportunidade crucial que as pessoas têm de manifestar sua preocupação com as mudanças climáticas. Para este ano, o movimento já conta com a adesão de quase 2 mil cidades espalhadas por mais de 100 países (foram 88 na edição passada).


No Brasil, já aderiram mais de 14 mil pessoas, 176 organizações e 1035 empresas de quase 30 cidades, entre elas 10 capitais. São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte e Rio Branco estão entre elas.O ato simbólico de apagar as luzes foi escolhido por ser uma ação simples, que pode ser realizada por qualquer pessoa em qualquer lugar. Entretanto, alguns monumentos famosos pelo mundo como Torre Eiffel (Paris), a Grand Palace (Bangcoc), London Eye, (Londres), Empire State Building (Nova Iorque), Fontana di Trevi (Roma). No Brasil, pontos famosos como o Cristo Redentor (Rio de Janeiro), Praça da Alfândega (Porto Alegre), Ponte Estaiada (São Paulo) e Estufa do Jardim Botânico (Curitiba) também vão chamar a atenção do público.


Interessados em se cadastrar (pessoas, organizações e empresas, devem acessar o site do movimento e para assistir ao filme da campanha de 2010, clique aqui.

17 de março de 2010

Jogos que despertam a nossa consciência

Jogos como World of Warcraft propocionam a seus jogadores a experiência de salvar mundos, mesmo que de faz-de-conta, e de se tornarem heróis. Será possível utilizar o poder dos jogos para resolver os problemas do mundo real? Jane McGonigal diz que podemos sim, e explica como nesta fascinante palestra para o TED (ainda não esta disponível a versão legendada em português):

O ser consciente compartilha suas ideias e atitudes

Enquanto as "autoridades" não decidem sobre o que fazer com os sacos plásticos, tem cidadão consciente colocando muitas ideias boas em prática!

É o caso do Richard, que criou a ideia e ainda compartilha conosco em um bem humorado vídeo do Youtube.

Confiram!!!

16 de março de 2010

Monitor quebrado vira uma casinha para gatos

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Se você tem um monitor quebrado e não sabe o que fazer com ele, essa casinha para gatos pode ser uma boa opção. Neste passo a passo você poderá aprender como dar uma nova serventia para monitores de computador ou mesmo televisões quebradas de forma útil, criativa e sustentável.

O processo é simples, mas é preciso ter alguns cuidados, especialmente na hora de desmontar o equipamento. Se você não souber ou tiver alguma dificuldade nessa etapa, prefira levar o monitor para um profissional capaz de desmontar suas peças sem danificá-las (já que elas poderão ser reaproveitadas e recicladas) e sem correr nenhum risco de se machucar.

Passo 1: Encontre um monitor

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Podem ser utilizados monitores de computador ou televisores de qualquer tamanho. Tenha cuidado apenas com aqueles muito pequenos e verifique se o tamanho é adequado ao seu bichinho.

Fique atento (a) também para utilizar apenas aqueles aparelhos que não poderão mais ser consertados e reutilizados. Se ainda houver uma chance dele funcionar, deixe para fazer a casinha quando o monitor quebrar de vez.

Passo 2: Desmonte o monitor

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Muito cuidado nessa hora! Esses equipamentos podem armazenar uma carga elétrica por muito tempo em seus capacitores. Por isso tome todos os cuidados, como utilizar uma luva de segurança e ferramentas apropriadas.

Esse processo pode ser feito em casa, mas se você não tiver muita facilidade ou não se sentir seguro para desmontar a peça, não exite em levá-la a alguém que possa fazer isso com segurança.

Comece retirando os parafusos e porcas que prendem as peças e desencaixe cuidadosamente cada pedacinho. Remova o suporte, o fundo e todas as peças eletrônicas que puder.

Passo 3: Retire a tela

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Esse é o momento mais crítico do processo e quem não tiver muita experiência deve pedir ajuda a alguém que saiba mexer com circuitos elétricos.

Primeiro garanta o bloqueio da passagem elétrica para só depois separar a tela do circuito. E não esqueça de usar as luvas de segurança contra choques.

Passo 4: Recicle

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Tudo que foi extraído do monitor deverá ser encaminhado para reciclagem ou para o descarte de lixo eletrônico. Jogar todo esse monte eletrônico no lixo comum é garantia de que tudo acabará em um lixão qualquer, poluindo o solo, o ar e os lençóis freáticos.

Por isso, procure um local adequado e entregue todas essas peças. Serviços como o Descarte Certo e o E-lixo maps podem ajudar nessa hora.

Passo 5: Remonte

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Agora que você já tirou todos os componentes eletrônicos de dentro do monitor, é hora de remontá-lo. Pegue de volta todos aqueles parafusos e monte novamente a base e a parte de trás do monitor, que agora ficará completamente oco.
Nesse ponto a nova casinha já é suficiente para deixar qualquer bichano feliz. Basta limpar e colocar uma almofada na parte de dentro. Mas se você quiser deixar a “obra” perfeita, siga para o próximo passo.

Passo 6: Faça um travesseiro

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Essa etapa já é para quem quer deixar o bichano totalmente confortável. Como possui o formato do monitor, a parte interna não comporta um travesseiro comum, retangular, ao menos que ele fique todo amassado lá dentro.

Por isso, os mais caprichosos podem tentar fazer um travesseiro com as medidas exatas da nova casinha. Basta colocar uma folha de papelão debaixo do monitor e decalcar o formato. Depois é só recortar o pano e o enxerto do mesmo tamanho e costurar.

Passo 7: Decore

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Essa é a parte mais divertida de todo o processo. É hora de asas à criatividade e se munir de tintas, pincéis, sprays, fitas coloridas e o que mais quiser.

Não esqueça de limpar bem a parte interna antes de começar a arte. Depois, é só criar um tema para a nova casinha e começar a decoração.

Passo 8: Traga o gatinho para sua nova casa

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Agora que a tinta secou e está tudo pronto é hora de entregar a “obra” ao seu novo morador. Mais um gato feliz, um dono orgulhoso e um monitor a menos poluindo o planeta.

Fonte: EcoD
 

CQC apela para a consciência do cidadão

O CQC lançou ontem um novo quadro chamado "Cidadão em Ação".

Em vez de pegar no pé dos políticos e autoridades omissas, os irreverentes repórteres do programa semanal da Band agora criticam a atitude (ou a falta dela) dos cidadãos comuns, que reclamam dos governantes mas que também não assumem a responsabilidade pelas coisas erradas que acontecem ao seu redor.

A primeira edição do quadro mostrou um ator que representava o papel de motorista de perua escolar. Visivelmente bêbado, o ator sai do bar em direção à perua para transportar crianças (também atores) e... ninguém faz nada!!!

Danilo Gentile, repórter do programa, alterna as imagens da cena com a orientação correta de qual é a responsabilidade do cidadão que vê esta cena sem fazer nada e qual atitude seria recomendada nesta situação. Neste caso, por exemplo, o funcionário do estacionamento que entrega as chaves para uma pessoa visivelmente bêbada, é co-responsável pelo ato e pode pegar de 6 meses a 1 ano de reclusão.

A ação correta é confiscar as chaves e ligar para a polícia, que enviará uma viatura ao local para tratar do assunto com o motorista.

Ótima iniciativa, muito esclarecedora e um chamado para a consciência de cada um de nós!

Parabéns CQC!!!

15 de março de 2010

A música de um ser consciente

Vocês já ouviram falar em João Carlos Martins

Ele foi o maior intérprete de Bach do mundo mas, infelizmente, teve sua carreira suspensa duas vezes: uma, por lesão no tendão da mão (o instrumento de trabalho de um pianista!) e outra por causa de um assalto (levou uma pancada na cabeça quando estava na Turquia, o que causou danos cerebrais que o fizeram perder novamente os movimentos da mão). 

Hoje, é maestro, mentor de duas orquestras bachianas e de uma idéia social fantástica: incentivar crianças a resgatarem o sentido da vida por meio da música. Além disso, ainda toca piano melhor do que qualquer um de nós (e olha que ele toca somente com 4 dedos!).

A paixão de João Carlos pela música inspirou um documentário franco-alemão chamado Martins Passion, vencedor de quatro festivais internacionais. Alem disso, no carnaval 2011, ele será homenageado pela escola de samba Vai-Vai, com o enredo A música venceu.

Para os que moram em Vitória, no ES, João Carlos irá se apresentar amanhã (terça-feira, 16/03), às 20h no Teatro do SESI. O valor do ingresso é a doação de um livro infantil. Vale a pena assistir!!

João Carlos pode não conseguir tocar o piano com a mesma maestria de antes dos acidentes, mas com certeza nos toca a todos com sua história de superação e amor a música.


Mudando sua alimentação, você pode mudar o mundo: Um Dia sem Carne

            Diante de dados tão alarmantes sobre o aquecimento global, o ex-Beatle Paul McCartney pensou como as pessoas poderiam escolher, entre tantas sugestões, qual seria a de maior impacto para contribuir para um planeta mais limpo, sustentável e saudável. A resposta ele anunciou ao mundo, em agosto do ano passado, com o lançamento da campanha Meat Free Monday, chamada no Brasil de Segunda Sem Carne.

            Munido de estudos da FAO (IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas – 2009) que comprovam que a indústria da carne é responsável por 18% do total das emissões de gases de efeito estufa no mundo – o que representa mais poluição que o setor de transporte –, o cantor chamou especialistas, como o Dr. Ph.D Rajendra Pachauri, para endossar que a mudança no hábito alimentar de comer carne é a medida mais eficaz – e urgente – para diminuirmos a evolução do efeito estufa, mas também de outros prejuízos ao meio-ambiente.

Com o mote “mudando sua alimentação, você pode mudar o mundo”, a campanha já foi lançada em diversas cidades de vários países e vem arrebatando seguidores, inclusive em grande número dentro do show business, pela sua simplicidade e eficácia. Afinal, excluir a carne – de qualquer tipo – em apenas um único dia da semana, não é uma tarefa difícil. E a escolha da segunda-feira vem para facilitar a decisão, quando todos têm por hábito alimentar-se de forma mais leve para compensar os excessos do final de semana.Contudo, em se tratando do consumo de carne, estes excessos vêm causando prejuízos enormes, seja para o custo da saúde pública, seja para a preservação dos biomas terrestres e marítimos, seja para a promoção da paz e justiça social. Estima-se, por exemplo, que nada menos que 80% do desmatamento da Amazônia seja causado pela indústria da pecuária. Outro número que envergonha nesta indústria está relacionado ao emprego de trabalhadores em regime análogo à escravidão: a pecuária emprega 62% destes trabalhadores no Brasil. Os dados são do Ministério da Agricultura e da Comissão Pastoral da Terra.

            Engajada na defesa e promoção do vegetarianismo desde sua fundação, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB)  percebeu a importância e o alcance desta campanha e passou a representá-la no país, recebendo a autorização de distribuir a carta de Paul McCartney às autoridades locais. Esta carta já foi levada à cidade de São Paulo, no ano passado, numa grande festa promovida no parque Ibirapuera. A segunda cidade que recebe o lançamento da campanha é Curitiba, onde a Prefeitura Municipal já possui ações de apoio ao vegetarianismo, promovendo a Feira Vegetariana de Curitiba junto com o grupo local da SVB.

“Era natural que a Secretaria do Abastecimento fosse nossa principal parceira para este importante projeto, uma vez que lançamos juntos a Feira Vegetariana de Curitiba” – comenta Ricardo Laurino, coordenador do Grupo de Curitiba da SVB, sobre o lançamento da Segunda Sem Carne na cidade. Ele continua: “Nossa intenção, com a Feira Veg, sempre foi levar a mensagem do vegetarianismo para aqueles que comem carne, para lhes mostrar como é fácil e acessível se alimentar bem e de forma saborosa sem ingredientes animais. A Segunda Sem Carne é outra chance de levarmos esta mensagem às pessoas, porém com um apelo maior, pois contaremos com o engajamento do governo municipal para torná-la realidade.”

O lançamento da campanha Segunda Sem Carne em Curitiba ocorrerá no dia 20 de março, sábado, no Mercado Municipal, no setor de orgânicos. O evento abrirá às 9h e disponibilizará ao público muita informação sobre o impacto do consumo da carne na saúde, no ambiente e nas questões sociais, sobretudo em nosso país.

O evento contará com aulas-show de culinária, com a demonstração e degustação gratuita de receitas veganas aos participantes, e contará com debates e performances de artistas voluntários que estão apoiando a campanha. Às 14h será feita a solenidade de lançamento, quando a SVB lerá a carta que Paul McCartney escreveu às autoridades políticas locais. Nesta mesma solenidade, a SVB entregará uma carta de intenções aos Secretários do Abastecimento, do Meio-Ambiente, da Saúde e da Educação solicitando políticas públicas para redução do consumo de carne na cidade, e celebridades convidadas vestirão a camiseta do evento.

           As pessoas podem se informar sobre a campanha no site da SVB.

Dia do consumidor: você é o que você compra

Hoje é o dia de quem tem nas mãos muito do futuro do planeta. No dia do consumidor, é bom relembrar que escolher o que consumimos interfere diretamente em muitas questões que vão desde a nossa saúde até a saúde do planeta. 

Cabe ao consumidor fazer uma reflexão do que leva para casa, adquirindo produtos que não colaborem com a destruição da natureza. Ao mesmo tempo, cabe às empresas e ao governo munirem o cidadão com informações que colaborem nessa decisão.

Inteligência emocional - a ciência da bondade

Por que as pessoas fazem o bem? A bondade está programada no nosso cérebro ou se desenvolve com a experiência? O psicólogo Dacher Keltner, diretor do Laboratório de Interações Sociais da Universidade da Califórnia, em Berkeley, investiga essas questões por vários ângulos e apresenta resultados surpreendentes. Em seu novo livro Born to be good: the science of a meaningful life (W.W.Norton, 2009, ainda sem tradução em português), Keltner compila descobertas científicas que revelam o poder da emoção humana inata e criam conexões entre as pessoas, segundo ele um caminho eficaz para uma boa vida. Em entrevista, o pesquisador discute altruísmo, neurobiologia e aplicações práticas de suas descobertas. 

Revista Mente&Cérebro – Para o senhor, que quer dizer a expressão “nascido para ser bom”? 

Dacher Keltner
– Significa que a evolução criou uma espécie, os humanos, com inclinação para bondade, brincadeira, generosidade, reverência e autossacrifício – vitais para a evolução, vale dizer, sobrevivência, replicação genética e habilidade de convívio em grupo –, que se manifestam por meio de emoções como compaixão, gratidão, medo, vergonha e felicidade. Estudos recentes revelam que as capacidades humanas de cuidar, brincar e respeitar foram desenvolvidas pelo cérebro e pela prática social. 

RM&C – Uma das estruturas corporais que parece ter sido adaptada para gerar altruísmo é o nervo vago, como sua equipe em Berkeley descobriu. Fale um pouco sobre essa pesquisa e suas implicações.  

Keltner
– O nervo vago é um feixe neural que se origina no topo da espinha dorsal. Ele estimula diferentes órgãos (como coração, pulmão, fígado e aparelho digestivo). Quando ativo, produz uma sensação de expansão confortável no tórax, como quando estamos emocionados com a bondade de alguém ou ouvimos uma bela música. O neurocientista Stephen W. Porges, da Universidade de Illinois em Chicago, há tempos argumenta que essa região cerebral é o “nervo da compaixão”. Acredita-se que esse nervo estimule alguns músculos na cavidade vocal, permitindo a comunicação. Estudos recentes apontam que ele pode estar conectado à rede de receptores para a oxitocina, neurotransmissor relativo à confiança e aos laços maternais. Nossas pesquisas e as de outros cientistas indicam que a ativação dessa região está associada aos sentimentos de cuidado e intuição que humanos de diferentes grupos sociais têm. Pessoas com alta ativação dessa região cerebral são mais propensas a desenvolver compaixão, gratidão, amor e felicidade. A psicóloga Nancy Eisenberg, da Universidade Estadual do Arizona, descobriu que crianças com atividade alta do nervo vago têm mais chances de cooperar e doar. Segundo pesquisas recentes, ele estimula tal comportamento. 

RM&C – Frequentemente, quando lemos trabalhos acadêmicos sobre emoções, moralidade e áreas relacionadas, perguntamos: existe alguma coisa que possamos fazer para usar isso na prática? Ao olhar para o futuro, que repercussão o senhor gostaria que seu trabalho tivesse?

Keltner
– Em resumo, após tratar da nova ciência das emoções no meu livro, percebi o quanto isso é útil. Segundo alguns estudos, cooperação e senso moral são traços evolucionários, e essas habilidades são encontradas nas emoções sobre as quais escrevo. Uma ciência da felicidade está revelando que esses sentimentos podem ser cultivados, o que traz o lado bom dos outros – e o nosso – à tona. 

RM&C – O que esse tipo de ciência o faz pensar? 

Keltner
- Ela me traz esperanças para o futuro. Que nossa cultura se torne menos materialista e privilegie satisfações sociais como diversão, toque, felicidade, que do ponto de vista evolucionário são as fontes mais antigas de prazer. Vejo essa nova ciência em quase todas as áreas da vida. Os médicos, por exemplo, hoje recebem treinamento para desenvolver empatia para com seus pacientes, ouvi-los, tocá-los com carinho; são atitudes que ajudam no tratamento. Os professores interagem com mais proximidade com seus alunos. Ensina-se meditação em prisões e em centros de detenção de menores. Executivos aprendem que inteligência emocional e bom relacionamento podem fazer uma empresa prosperar mais do que se ela for focada apenas em lucros.

Fonte: Revista Mente & Cérebro - edição 204 - Janeiro 2010

14 de março de 2010

Cuba’s green revolution — achieving sustainability

Helen Yaffe
Cuba's successful models of sustainable development — in areas of food, housing and health — are now being widely replicated throughout Latin America.

Cuba marked the 50th anniversary of its revolution in 2009. The Cuban people have withstood five decades of hostility from the United States and its international allies.

However, Cuba's best form of resistance has been not just the assertion of national sovereignty, but the creation of an alternative model of development that places ecology and humanity at its core.

Applying the yardsticks of conventional economics to assess Cuban society (for example focusing on disposable income, gross domestic product or levels of consumption) commentators often conclude that the revolution has failed to pull the Cuban people out of poverty.

But such criticism omits the facts that: the Cuban state guarantees every citizen a basic food supply; most incomes are not taxed; most people own their own homes or pay very little rent; utility bills, transport and medicine costs are symbolic; and the opera, cinema and ballet are cheap for all.

High-quality education and healthcare are free.

These provisions are part of the material wealth of Cuba and cannot be dismissed — as if individual consumption of DVDs and digital cameras were the only measure of economic growth.

Against great odds, Cuba has transformed itself from an underdeveloped “neo-colony” into an independent state, boasting world-leading human development indicators, internationalist education, healthcare programs and sustainable development.

It is no mere coincidence that Cuba is the only country in the world, according to the World Wildlife Fund’s 2006 Living Planet report, to have achieved sustainable development (measured as the improvement of the quality of human life while living within the carrying capacity of its ecosystem).

The collapse of the former Soviet bloc between 1989 and 1991 led to a collapse in Cuba’s foreign trade in a context of the crippling economic blockade maintained on Cuba by the US since 1960.

GDP plummeted 35% by 1993 and there were critical scarcities of hydrocarbon energy resources, fertilisers, food imports, medicines, cement, equipment and resources in every sector.

Cuba was forced to search for domestic solutions.

In agriculture, organic fertilisers and pesticides, crop-rotation techniques and organic urban gardens were developed. Tractors were replaced with human and animal labour.

Bikes were imported from China and car-pooling was established. As the economy improved, Cuba extended environmentally sustainable measures, introducing ecotourism and solar energy.

Economic reforms were introduced, including concessions to the “free market”. But free universal welfare provision, state planning and the predominance of state property were maintained.

Incredibly, given the severity of the crisis, between 1990 and 2003, the number of Cuban doctors increased by 76%, dentists by 46% and nurses by 16%. The number of maternity homes rose by 86%, day-care centres for older people by 107% and homes for people with disabilities by 47%.

Infant mortality fell and life expectancy rose. Internationalist links also increased, as thousands of Cuban specialists, including healthcare professionals and educators, volunteered to work in poor communities around the world. By November 2008, Cuba had nearly 30,000 doctors and other health professionals working in 75 countries, providing healthcare and training locals.

Its literacy programme has taught more than 3,600,000 people from 23 countries to read and write.

2006 dawned as the Year of the Energy Revolution in Cuba, a major state initiative to save and rationalise the use of energy resources: install efficient new power generators, experiment with renewable energy and replace old durable goods (refrigerators, televisions and cookers) with new energy-saving equipment.

Ten million energy-saving light bulbs and over six million electric rice cookers and pressure cookers were distributed free of charge. The aim was to raise the island's capacity for electricity generation and save the government millions of pesos formerly spent on subsidised fuel.

State subsidies mean energy consumption is not rationed through the market, so energy efficiency, not price hikes, is the principal means of reducing consumption.

Building on the campaign for energy efficiency, in 2008 Cuba launched a campaign to increase food production. Following the closure of many sugar mills, in 2007 up to 50% of Cuba's arable land lay fallow, while over 80% of the food ration was imported. The international rise in food and fuel prices meant the cost of Cuba's imports rose by $1 billion from 2007 to 2008.

Now, idle land is being distributed in through rent-free loans to those who want to produce organic food.

Already organic urban farms in Havana supply 100% of the city’s consumption needs in fruit and vegetables. They are supplemented by urban patios, of which there are over 60,000 in Havana alone.

Sinan Koont of the Department of Latin American Studies at Dickinson College, Pennsylvania, said in a January 2009 Monthly Review article: “It is not just about economics, producing food and creating employment. It is also about community development and preserving and improving the environment, bringing a healthier way of life to the cities.”

Central to understanding these achievements is the role of the state in Cuba.

State ownership and central planning allow a rational allocation of resources, balancing environmental concerns and human welfare alongside economic objectives.

Critics who point to the absence of multi-party elections and “civil society” in Cuba fail to appreciate how the island’s alternative grassroots system of participative democracy ensures the state is representative of its population and acts in their collective interests.

Under capitalism, private businesses regard the Earth’s natural resources as a “free gift” to capital. The need for sustainable development creates an irreconcilable contradiction under capitalism because it implies obstruction of the profit motive that drives capitalist production.

In December 2004, Cuba and Venezuela formalised their alliance with the formation of the Bolivarian Alliance for the Americas (ALBA). Between 2006 and 2009, Bolivia, Nicaragua, Dominica, Honduras (under Zelaya), Ecuador, St Vincent and the Grenadines, and Antigua and Barbuda joined ALBA, turning it into a political and trading bloc of significance.

Members are engaged in projects of humanitarian, economic and social cooperation through non-market, non-profit-based exchanges.

The Bank of ALBA was launched in December 2008 with US$2 billion capital, operating without loan conditions and functioning on the basis of members’ consensus. It contributes to freeing countries from the dictates of the World Bank and the International Monetary Fund.

In January 2010, a new currency for exchanges within ALBA (the “sucre”) will be introduced, undermining the leverage of the US dollar.

ALBA is the fruit of Cuba’s internationalist, welfare-based development model. It is also the expression of pan-Latin American integrationist movements and the ascendancy of social movements representing the interests of the indigenous and poor communities.

These sectors demand rational development strategies that respect their traditions and environment.

The April 2009 ALBA declaration “Capitalism Threatens Life on the Planet” said: “The global economic crisis, climate change, the food crisis and the energy crisis are the result of the decay of capitalism, which threatens to end life and the planet.

“To avert this outcome, it is necessary to develop and model an alternative to the capitalist system. A system based on solidarity not competition; a system in harmony with Mother Earth and not plundering of human resources.”

The Cuban Revolution is a living example, with increasing relevance, showing it is possible to live with dignity and sustainably outside of the capitalist profit motive, with human welfare and the environment at the centre of development.

It is a lesson we must learn urgently because, in the words of former Cuban president Fidel Castro at his speech at the 1992 Earth Summit, “Tomorrow will be too late”. 
 
Fonte: GreenLeft

12 de março de 2010

Entrevista Carlos Nobre: "Não acho que esse ceticismo com relação às mudanças climáticas vá durar muito"

Carlos Nobre, cientista brasileiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e membro do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), comenta os ataques que o órgão internacional vem sofrendo e discorre sobre a posição dos cientistas céticos em relação às mudanças climáticas.

Eis a entrevista.

Desde o segundo semestre do ano passado, o IPCC vem recebendo ataques em decorrência do suposto vazamento de e-mails e do erro em dados sobre o derretimento do Himalaia. Ao mesmo tempo, estamos tendo um inverno rigoroso na Europa. Somados, esses fatores trouxeram de volta a debate os questionamentos sobre a existência do aquecimento global, uma discussão que já estava praticamente encerrada. Na sua opinião, quais as causas desse retorno?
 Esses acontecimentos servem de impulso para os céticos porque eles não conseguem trazer qualquer fato científico novo, surpreendente, que coloque realmente em dúvida a ciência robusta e sólida do aquecimento global. Assim, se apegam a qualquer coisa – por exemplo, o inverno rigoroso no hemisfério norte – para contestar o aquecimento do planeta. Como não têm condições de debater no nível da ciência, por isso querem jogar o debate em um nível político. Existem aí enormes interesses econômicos afetados pela mudança do paradigma da geração de energia, pela troca de todo o sistema de produção que a partir do qual construímos o bem estar moderno.

Eu não acho que esse ceticismo vá durar muito, pois a ciência não para de avançar. Não há uma semana em que não seja publicado pelo menos um paper da mais alta qualidade sobre o assunto nas melhores revistas científicas. Todo esse alvoroço e os questionamentos sobre a legitimidade do órgão são mais uma jogada política de quem é contra a agenda climática. Mas essas coisas duram muito pouco, porque a força da ciência é tremenda. Os pseudo-cientistas que defendiam o tabaco na década de 1970, contratados a peso de ouro pelas companhias de cigarro, por exemplo, desapareceram. Isso porque a ciência explica como os fenômenos ocorrem. E tabaco, câncer e doenças cardíacas estão relacionados. Ninguém mais questiona isso. Da mesma forma, ninguém irá se lembrar dos pseudo-cientistas que se prestam a esse trabalho contra a ciência do clima.

Como a crise no IPCC pode afetar a credibilidade da ciência do clima?
Quem faz avançar a ciência do clima não é o IPCC. Quem faz avançar a ciência do clima é a ciência. O IPCC só sumariza resultados. E ao fazer esse sumário, o IPCC não é infalível, como nenhuma instituição científica é infalível. Semana passada, inclusive, a revista Nature Geoscience retirou de circulação um paper que havia publicado. E essa publicação científica tem um dos mais rigorosos sistemas de revisões do mundo. Por isso, repito: nenhuma instituição científica é infalível. Nenhum cientista é infalível. E o método científico tem essa característica: a ciência está sempre se auto-corrigindo. É lógico que o que aconteceu com o IPCC é um alerta importante, apesar do problema ter sido relativamente pequeno. Nenhum dos erros apontados, vale destacar, chegou ao sumário enviado para os tomadores de decisão. Por isso creio que essa ênfase exagerada que está sendo colocada no órgão é muito mais uma questão política do que científica.

Diante de suas afirmações de que este é um debate político e econômico, é possível apontar setores por trás dos céticos em relação às mudanças climáticas?
Antes de tudo, é preciso deixar claro que não sou especialista nesse tópico. Mas recentemente tive contato com a resenha do livro Climate Coverup: the cruzade to deny global warming (A dissimulação do clima: a cruzada para negar o aquecimento global), do advogado e ambientalista canadense James Hoggan, que mapeia como foi montada a estratégia do lobby anti-aquecimento global. Na resenha, feita pelo economista Ladislaw Dowbor, encontramos mais ou menos o seguinte: “A articulação envolve instituições conservadoras e poderosas. Sempre empresas petróleo, carvão e produtores de carro, muitos dos republicanos e a direita religiosa. A maioria desses movimentos [contra o aquecimento global] é originária dos EUA e é mantida por esse lobby”. Vale destacar o papel preponderante da indústria do carvão. Na área do petróleo a Exxon Mobil é uma das poucas companhias que insistem em apoiar esse tipo de pesquisa. A maioria já está mudando o foco e investindo em energias renováveis.

Como avalia as reportagens sobre a crise do IPCC?
A imprensa ocidental moderna é regida pelo pluralismo. Por isso, ela sempre procura dar espaço para quem tem uma visão diferente. O problema é que a dissidência acaba recebendo um peso muito grande. Foi demonstrado nos EUA que os céticos tinham um espaço na imprensa quase idêntico ao destinado aos cientistas que falavam de aquecimento global. O problema é que 0,1% dos cientistas que entendem de clima são céticos. Isso significa que menos de 1% da ciência tinha 50% do espaço no debate sobre existência ou não das mudanças climáticas que chega ao público por meio da grande imprensa. É lógico que dessa forma os leitores vão ter uma idéia de que são duas teorias científicas equivalentes. Isso reflete muito mais a pluralidade da mídia, que às vezes é usada em excesso, do que necessariamente a força das teorias de vários cientistas.

Quais as perspectivas para o IPCC, após a questão do erro nos dados sobre o Himalaia?Como disse anteriormente, esse foi um alerta importante e o IPCC já chamou um corpo de pesquisadores independentes, que irá divulgar em três meses um relatório revisando os dados. E não se surpreenda, eu prevejo que outros erros serão encontrados. É inevitável. São 3 mil paginas e tudo é realizado por meio de trabalho voluntário. Eu, por exemplo, eu já trabalhei e trabalho em vários relatórios, e posso afirmar que existe uma pressão enorme de tempo para a conclusão. Além disso, é necessária uma lógica complexa para que tudo seja levado em consideração. É impossível não encontrar algum erro. Assim, para evitar esse tipo de problema, acredito que o IPCC deva contar com uma errata contínua, como os jornais apresentam todo dia, por exemplo. Se forem apontados erros após a publicação de um relatório, o órgão deve imediatamente divulgar uma errata. Não se pode esperar cinco anos para que o relatório seguinte cubra o assunto e divulgue erros encontrados.

Fonte: ANDI Mudanças Climáticas, Envolverde, IHU-Online, 12-03-2010