30 de abril de 2010

Nossa Vitória: ajude a construir uma cidade mais sustentável


Repensar a cidade e propor ações capazes de promover o desenvolvimento justo e sustentável. Esse é um dos objetivos do Movimento Nossa Vitória, que será lançado oficialmente na próxima quinta (06/05) no Auditório Manoel Vereza, na UFES.

O movimento, a exemplo de outras iniciativas como o Nossa São Paulo e o Nossa São Luis, pretende constituir-se em uma força política, social e econômica capaz de comprometer a sociedade e sucessivos governos com uma agenda e um conjunto de metas, visando oferecer uma melhor qualidade de vida para todos os habitantes da cidade. 

Eu já me agendei para o evento. Espero vocês lá.
 

Serviço:
Lançamento Movimento Nossa Vitória
Quinta, 06 de maio, das 19h às 22h.  
Auditório Manoel Vereza, CCJE - UFES (próximo ao planetário)

29 de abril de 2010

A taxa Robin Hood


Por Carolina Derivi

Se você ficou fulo da vida com a fortuna de dinheiro público destinados a salvar os bancos durante o ápice da crise financeira, vai adorar essa ideia, vinda do Reino Unido: uma pequena taxa, insignificante mesmo, alguma coisa em torno de 0,05% sobre todas as transações especulativas, como derivativos, por exemplo.

Sabe quanto dinheiro isso representaria? Segure-se na cadeira: mais de 100 bilhões de libras, uma cifra que poderia mais que dobrar dependendo do sucesso dos bancos. E esse oceano de dinheiro seria usado para financiar ações de combate a pobreza e adaptação às mudanças do clima no terceiro mundo, além da manutenção de serviços públicos essenciais no próprio Reino Unido, prejudicados pela crise.

O que me encanta na taxa Robin Wood é o percentual ser tão minúsculo, ou seja, metade de um milésimo do que circula nessas transações. É tão ínfimo que fica difícil imaginar com que cara banqueiros e investidores teriam coragem de se opor. Essa é mais ou menos a intenção do vídeo acima. Um representante deste movimento tenta vender a ideia a um banqueiro que vai se mostrando cada vez mais constrangido.


São quase 50 organizações por trás da proposta que, segundo o site oficial, já foi publicamente defendida por Gordon Brown, Angela Merkel e Nicholas Sarkozy.

27 de abril de 2010

Make a difference


This inspiring piece of street art/provocation was created by Imaginary Foundation. They've posted a pdf version on their blog. You can print it out and remind everyone at school, work or gym that they can make a difference, as long they give it a try.

References: Boing Boing

Corporate Social Investment X Marketing

 " Nós gastamos tudo em outdoors."
References: IDIS

24 de abril de 2010

The Great Pacific Garbage Patch

By now, most of us are aware that there is a large patch of floating plastic in the middle of the Pacific Ocean. What you may not know is that it’s not made up of plastic bags and empty bottles. It’s made up of billions of tiny pieces of plastic, and it’s basically invisible unless you’re floating in it.

Check out this amazing info-graphic about the Great Pacific Garbage Patch.


Or here for a larger image.

Source: Good is Transparency
Gyre illustration by Jacob Magraw-Mickelson

Climate science - all in one

If you google "climate science" you'll find 20,400,000 entries in English. That's a lot of stuff, right?

I f you want to learn more about climate science, but you can't afford the time necessary to go through all this information, you can check out Scott A. Mandia's compilation of "all the data you need to show that the world is warming" posted at Climate Progress. Unfortunately the information is only available in English.
  
In a single post  Mandia included 29 graphs and charts and two videos relating the current science on climate change.This is extremely useful for those of us interested in battling climate change deniers.

Usina Belo Monte: Alternativas energéticas para um Brasil sustentável

Por Suzane Lima

Com a vitória do consórcio liderado pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) e a Queiroz Galvão, chega ao final uma novela que começou no período da ditadura, mas especificamente em 1975. A construção da usina Belo Monte, no rio Xingu, no estado do Pará, é motivo de discordância entre ambientalistas, índios, comunidades ribeirinhas e o governo e as principais indústrias do setor elétrico. Enquanto uns argumentam que a hidrelétrica - considerada a terceira maior do mundo - vai tirar o Brasil do sufoco, evitando apagões como o de 2001, outros acreditam que os benefícios trazidos por esse empreendimento será muito menor do que os impactos socioambientais de se embarreirar um dos maiores afluentes do rio Amazonas. Belo Monte é realmente necessária? Ou há alternativas sustentáveis, que causem menor impacto?

Até mesmo o leilão que decidiu qual consórcio iria construir a hidrelétrica foi realizado depois de muita briga. Só na semana passada, o Tribunal Federal do Pará cassou a autorização e, logo depois, o Ministério Público recorreu da decisão e validou o leilão. No início deste mês, o consórcio formado pelas gigantes da construção civil, Odebrecht e Camargo Correa desistiu de participar da disputa. De acordo com as empresas, um estudo rigoroso das condições do edital e as respostas que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgou sobre as questões feitas pelos técnicos das duas construtoras foram a razão da desistência. 

De acordo com a Eletronorte, Belo Monte, com valo estimado em R$ 19 bilhões, seria "um excelente investimento" se for associada ao Sistema Elétrico Brasileiro, com capacidade de gerar 11.233 megawatts, com um reservatório de 516 km² e ainda contaria com uma segunda casa de força. Ela serviria para melhorar o aproveitamento da vazão do rio e, segundo a estatal, reduzir os impactos ambientais, porque precisa de menor volume de água para ser movimentada além de produzir mais 27,5 megawatts por km². Como identificado nos estudos da empresa, esse seria um dos melhores aproveitamentos do mundo, se considerado, por exemplo, com a usina de Tucuruí (2,8 megawatts) ou Itaipu (8,6 megawatts). A Eletronorte ainda prevê outros seis barramentos só no rio Xingu.

"Espero que grande parte desta energia seja consumida no próprio Pará, mas isso ainda é um sonho. No cenário atual, ela será incluída dentro do Sistema Elétrico Brasileiro, e acho que a tendência natural será utilizar a energia não usada no Pará para suprir o Nordeste, para suprir todo o país", afirmava José Muniz Lopes, presidente da Eletronorte, em 2002.

Contra a corrente
 
Assim que Belo Monte começou a ser pensada, em meado da década de 1970, ambientalistas de todo o mundo, além de índios e comunidades ribeirinhas se mobilizaram para impedir que a hidrelétrica fosse construída.  Em 1986, o Plano Nacional de Energia Elétrica 1987/2010 é concluído. Nele, é proposta a construção de 165 usinas hidrelétricas até 2010, 40 delas só na Amazônia Legal (área que engloba nove estados brasileiros com floresta amazônica), com o aumento de potência nacional de 43 mil megawatts para 160 mil. O texto desta que "pela sua dimensão, o aproveitamento do Rio Xingu se constituirá, possivelmente, no maior projeto nacional no final deste século e começo do próximo".

No início de 1989, como resposta a este documento, é realizado o 1º Encontro dos Povos Indígenas, em Altamira, no Pará. O objetivo era protestar contra as decisões tomadas na Amazônia sem a participação dos índios, além de um manifesto contra a construção do Complexo Hidrelétrico do Xingu. O encontro acabou ganhando uma imprevista notoriedade com a participação de 650 índios de diversas partes do país, políticos, cerca de 300 ambientalistas e 150 jornalistas.

Apesar de toda estrutura, o que mais chamou atenção foi o gesto da índia Tuíra que se levantou da platéia e encostou a lâmina de seu facão no rosto do então diretor da Eletronorte, José Muniz Lopes. A cena foi reproduzida em vários jornais de todo o mundo e se tonou histórica. O evento foi encerrado sem uma decisão final sobre a usina, mas com o lançamento da Campanha Nacional em Defesa dos Povos e da Floresta Amazônica, que exigia a revisão dos projetos de desenvolvimento da região.

Impactos socioambientais

"O projeto não pode ser aprovado de forma emergencial antes de um estudo independente amplamente divulgado que contenha informação precisa quanto à potência total gerada, ao número real de atingidos, à necessidade de complementação do projeto com um complexo de hidrelétricas no Rio Xingu, e ao posicionamento dos povos indígenas, que devem ter respeitado o seu direito de veto." Assim o documento formulado pelo Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, durante a avaliação dos 10 anos da Rio 92, em maio de 2002, pediu  a revogação da condição estratégica da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e elaborou a plataforma mínima para o setor energético brasileiro.

De acordo com levantamentos feitos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),  Belo Monte vai afetar direta e indiretamente milhares de pessoas. Desde as comunidades isoladas que precisam do rio Xingu para se locomoverem, índios que terão que ser removidos das áreas que ficarão debaixo d’água até o ecossistema da região.

Para a professora de geografia da PUC-Rio e especialista em hidrologia e climatologia, Adriana Silgueira, a remoção de centenas de famílias das áreas alagadas rompe as raízes com o ambiente em que elas viviam e com a forma de se relacionar. Adriana também cita a criação do Movimento dos Atingidos por Barragens, que reúne as populações que não foram realocadas pelo governo depois de perderem suas terras e seu meio de sustento.

"As pessoas criam raízes com o meio ambiente e tem uma forma de se relacionar com esse meio. Elas vivem da terra e, com a construção da barragem, essas relações são rompidas".

No caso da reservas indígenas, Adriana considera a remoção ainda mais grave, pois os diferentes povos têm relações de afetividade e fé com o lugar que habitam.

"As reservas indígenas dão a entender que são grandes jaulas, mas isso é um mal necessário, é um espaço onde eles podem reproduzir suas culturas. Se eles tiverem que sair, seus ritos, que estão ligados aquele ponto especial, tudo terá que ser abandonado", afirmou.

Apesar de todos esses impactos, Adriana reconhece que a construção de Belo Monte vai dar ao Brasil um potencial energético ainda maior, mesmo considerando essa capacidade subutilizada.

"Tem muito impacto, mas gera muito energia. Tudo depende do objetivo que essa energia vai ser usada. Não podemos nos espelha em Tucuruí, que foi um desastre".

O Ministério do Meio Ambiente liberou, em fevereiro deste ano, a licença ambiental para a construção da usina, porém, as questões centrais para avaliar a obra não foram totalmente esclarecidas. O parecer dos técnicos do Ibama, feito no final de novembro de 2009, indica que os estudos não conseguem prever os impactos na vida dos peixes em um trecho de mais de 100 km de rio e, consequentemente, não indica o que pode acontecer com as pessoas que dependem desse alimento, como as comunidades indígenas ribeirinhas.

A professora Adriana Silgueira acredita que os impactos ambientais desse projeto começam no alagamento da floresta. Ela explica que as árvores, por estarem debaixo da água, vão começar a se decompor e, com isso, liberar gases tóxicos, como o metano - um dos principais agravadores do efeito estufa -, e isso contaminaria a água do rio, ameaçando o ecossistema marinho. Outro ônus ambiental observado pela professora é a alteração da vida dos seres vivos do local onde a barragem será construída. De acordo com Adriana, os animais estão adaptados a um tipo de vazão e muitas hidrelétricas acabam transferindo esse processo para outra parte do rio.

"As árvores estariam ameaçadas de extinção, elas não têm a capacidade de adaptação tão rápida como o necessário nesses casos. Muitas vezes é feita a remoção dos animais, mas pensando no ponto de vista de sobrevivência, há risco", afirma.

O assoreamento do rio também é apontado por Adriana como um dos pontos mais graves. De acordo com a especialista, quando o rio não tem barragem, a carga de sedimentos flui com as chuvas, mas quando um desvio é construído, esses segmentos se acumulam no fundo da represa.

O artigo 231 da Constituição Federal de 1988 prevê que o aproveitamento de recursos hídricos em terras indígenas só pode ser feito com a autorização do Congresso Nacional e depois das comunidades afetadas serem ouvidas. Levando em consideração a briga entre os índios e a Eletronorte, essa lei não vem sendo cumprida. A importância desse artigo só foi reconhecida pelo então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), em 2002, ministro Marco Aurélio Mello, que negou o pedido da União para cassar a liminar que suspendia o Estudo de Impacto Ambiental (EIA), feito pela Eletrobras. Na prática, só uma lei ordinária poderia tirar a posse dessas terras das mãos dos indígenas.

Porém, por causa do apagão de 2001, o governo de Fernando Henrique Cardoso editou a Medida Provisória 2.152-2, conhecida como MP do Apagão, que, entre outras ações, determina que o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabeleça um licenciamento simplificado de empreendimentos do setor elétrico, classificados como de "baixo impacto ambiental". Nesta época também é criado o Relatório Ambiental Simplificado, que se aplica às obras que não precisarão do EIA.

Alternativas

Para o professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPUR) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Bernardo Vainer, a construção de Belo Monte é desnecessária, pois os impactos causados pelas obras, se comparados com a geração de energia da usina, é infinitamente maior. De acordo com Vainer, este empreendimento responde aos interesses de determinados grupos financeiros e não beneficiaria toda a sociedade. Uma prova da tese do professor é o estudo da ONG International Rivers Network, que comprovou que as empresa de alumínio utilizam 8% de toda energia elétrica do país e cerca de 2% no mundo. Aproximadamente 50% da energia elétrica no Brasil é consumida por indústrias, sendo que 30% se restringe a seis setores: cimento, aço, alumínio, ferro-ligas, petroquímica e papel e celulose.

"A experiência internacional e brasileira mostra que o projeto custa quatro vezes mais que o previsto e isso mobiliza interesses muito poderosos, como os das grandes empreiteiras e empresas do setor elétrico. Tudo isso é protegido pelo Estado brasileiro, que oferece financiamentos, através do BNDES, a juros baixos, ou seja, uma enorme mobilização de recursos públicos para um interesse privado", afirmou.

Assim com a professora Adriana Silgueira, Vainer também acredita que, com o barramento do rio Xingu, a biodiversidade que só existe naquele local fica muito comprometida. De acordo com o pesquisador, nós transformamos rios em fontes de energia que não será consumida no Brasil, mas exportada para países como o Japão em forma de alumínio. E, um dos erros que Vainer considera como "lamentável" é acabar com esses recursos sem que a população opine sobre o tema.

"O rio é fundamental, tem uma biodiversidade inigualável. Só no Xingu há uma biodiversidade quatro vezes maior do que a de todas as bacias da Europa juntas e a construção dessa barragem é uma declaração de morte dessas espécies do local".

Há diversas alternativas para a construção de Belo Monte e não precisa ser um país rico para utilizar energia 100% limpa. Na Argentina, por exemplo, 10% da energia produzida vem da força dos ventos. No caso do Brasil, de acordo com Carlos Bernardo Vainer, falta investimento nesta área, que não gerariam grandes negócios na área da construção civil, mas diminuiria os impactos ambientais do Sistema Elétrico Brasileiro. Além disso, Vainer propõe uma mudança mais profunda na sociedade, atingindo o modelo de produção brasileiro que, enquanto as grandes potências produzem materiais sofisticados, ainda está exportando matérias-primas aparentemente sem muito valor.

"O modelo econômico tem que ser revisto, pois exportar produtos eletrointensivos em pleno século XXI é o mesmo que exportar café no século XIX . Os outros países estão em uma área de fronteira do conhecimento, exporta energia é exporta floresta", disse.

O pesquisador ainda toca em um ponto que causa discordância. Para ele, não é necessário construir nenhuma hidrelétrica se for, por exemplo, aproveitada a iluminação do sol.  O professor aponta que a adoção de energia totalmente limpa seria mais eficiente do que a construção de usinas e consequente assoreamento dos rios. Vainer acredita que a opção para a destruição da Amazônia é a escolha de que tipo de sociedade queremos ser: desejamos acabar com as florestas e rios ou queremos a preservação da nossa natureza?

"É uma chantagem permanente que se faz na sociedade. Cerca de 30% da energia vai para o sistema produtor e as pessoas ficam sem eletricidade. É para os grandes grupos que estamos entregando a nossa energia. Temos que nos perguntar sobre a divisão das riquezas na sociedade, porque isso se demonstra na divisão da energia. É possível se fazer uma reforma agrária de energia".

Além disso, Vainer aponta o desperdício nas linhas de transmissão e a privatização das empresas de energia, no governo Fernando Henrique Cardoso, como um dos maiores problemas do setor. Estima-se que no Brasil o desperdício nas linhas de transmissão - 15% ou 54 milhões de MW/h - seja quatro vezes maior do que na Europa. Porém, para que esse gasto fosse evitado, seria necessário melhorar o isolamento nas linhas e substituir equipamentos defeituosos, como os transformadores.

"Foi uma tragédia entregar um bem do povo ao setor privado. Eles só querem lucro e com a ausência do Estado, não há um controle social do serviço. Uma parcela importante dos nossos rios estão nas mãos dessas empresas".

De acordo com as conclusões do seminário internacional Fontes Alternativas de Energia e Eficiência Energética - Opção para uma Política Energética Sustentável no Brasil, organizado em junho de 2002 pela Fundação Heinrich Böll e a ONG Coalização Rios Vivos, apesar de projetos de lei em tramitação e dos recentemente aprovados - como o que cria o Programa Prioritário de Desenvolvimento da Energia Eólica no Nordeste e o que institui o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica -, ainda falta um marco regulatório que oriente o setor. Isso porque constantes mudanças e anúncio de normas e medidas provisórias criam um clima de incerteza para os investidores e têm inibido a ampliação de negócios em fontes alternativas de energia no Brasil.

A visão do ex-presidente da Eletrobras José Muniz Lopes comprova a tese de que o Brasil não quer descobrir novas formas de produzir energia, mas dar mais forças para as usinas hidrelétricas.

"Todo ano são mais 3 milhões de pessoas incorporadas à população em condições de trabalhar, e vamos atender a esse crescimento como? Com células fotovoltáicas, com biomassa, com energia solar? Por que os mais desenvolvidos não fazem isso? Porque não tem escala para isso. O grande diferencial do Brasil é o potencial hidrelétrico. Mas, se essas opções não saírem, vamos ter que ir para energia nuclear ou gás combustível, mas gás de onde? Os Estados Unidos têm gás, carvão, dominam o petróleo do mundo, e o Brasil domina o quê? Em Joanesburgo, durante a Rio + 10, nenhum país desenvolvido quis assumir isso. Por que nós vamos querer? Não estou defendendo a posição dos Estados Unidos. Mas estou dizendo o seguinte: será que eles estão errados e nós estamos certos ou nós estamos errados? Não sei. É para ser avaliado."

23 de abril de 2010

Mãe consciente

Este post é para cumprimentar Vanessa Cabral, criadora do blog "Escola Pública não é de graça" , por sua coragem. Não estou falando da coragem de matricular seus filhos na escola pública, mesmo tendo condições econômicas de pagar escolas particulares. Não creio que isso seja uma questão de coragem, mas de consciência de seus direitos e de sua contribuição como cidadã para usufruir e exigir a qualidade do serviço público. Só podemos exigir melhorias daquilo que usamos!!

Estou falando da coragem de lutar contra os preconceitos descabidos da classe média e alta que, por puro desconhecimento e elitismo, preferem criticar o que não conhecem e a chamam de louca. Esta coragem de se expor, sabendo que seria incompreendida e desacreditada por parentes e amigos mais próximos, passando por cima de tudo isso para compartilhar na rede global suas experiências e assim contribuir com pessoas como eu, que desejam colocar seus filhos na escola pública mas muitas vezes se questionam se estão fazendo a coisa certa, esta atitude sim merece admiração e reverência.

Parabéns e obrigada Vanessa! Tenha certeza de que sua atitude contribui, e muito, para ampliar a consciência das pessoas. Se todas as mães tivessem a sua consciência e sua coragem, o mundo seria um lugar muito melhor.

22 de abril de 2010

A vida associativa no mundo pós-crise

por Tom Coelho


“Quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade,mas que é responsável por todos os homens.” (Jean-Paul Sartre)

Passamos por mais uma crise. Falo sobre a crise econômica mundial cujo início ficou registrado com a quebra do banco norte-americano Lehman Brothers em setembro de 2008. Vários países entraram em recessão, situação na qual tecnicamente ocorre redução do nível de atividade por dois trimestres seguidos. Contudo, no último trimestre, muitas nações conseguiram reverter este quadro, anotando crescimento em suas economias.

O fato é que falar em crise está sempre na moda. O assunto é garantia de audiência, habitando os noticiários de jornais, revistas e programas televisivos. Para alguns, é fato e não especulação, ilustrado por vendas em queda e desemprego em alta. Para outros, oportunidade ímpar e inesperada.

Em momentos como este o associativismo surge renovado como instrumento de apoio, mediação e promoção do desenvolvimento. Um bom exemplo são os próprios sindicatos de trabalhadores, outrora vinculados à proteção de direitos e garantias, atualmente envolvidos com a manutenção do emprego sob um ponto de vista macroeconômico e social.

Para as empresas, as associações também evoluíram de meras defensoras de interesses corporativos para um ambiente de troca de experiências, debate de ideias e busca de soluções para problemas que se assemelham independentemente do porte e área de atuação das companhias.

As associações representam um fórum legítimo para a discussão de temas relacionados ao universo das relações empresariais. Quando bem conduzidas, podem assumir uma postura de vanguarda e pioneirismo, reunindo especialistas de elevada qualificação para semear discussões e apontar caminhos para novas e instigantes questões.

A vida associativa é um instrumento de exercício da sociabilidade. Por meio dela você conquista novos amigos, expande seus conhecimentos, exercita a liderança e atua como agente transformador da sociedade. Adicionalmente, aprende que por mais restrita que seja sua agenda, é sempre possível conciliar seu tempo com atividades que não geram ganhos financeiros, mas que plantam sementes para a posteridade.

No entanto, o bom proveito ocorre quando a atuação é efetiva, ou seja, não se limita à mera formalização da afiliação por meio de uma ficha de inscrição e a obtenção de uma carteirinha ou crachá. Integrar-se à gestão é, inclusive, praticar a cidadania.

Por isso, procure participar! Você poderá escolher associações industriais, como os Centro e Federações da Indústria; associações comerciais, como os CDLs; entidades de classe, como a AAPSA e a ABRH; organizações setoriais, como a Fundação Abrinq e o Instituto Ethos; organizações não governamentais, sindicatos diversos e outros.

Este é um bom caminho para enfrentar um mundo que seguramente ainda presenciará muitas e muitas crises, as quais serão superadas com maior desenvoltura por pessoas e companhias com visão cooperativista e associativa.

Você conhece a Carta da Terra?


Neste Dia da Terra vale a pena refletir sobre a Carta da Terra. Segue abaixo o texto na íntegra:

 
PREÂMBULO

Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro reserva, ao mesmo tempo, grande perigo e grande esperança. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos nos juntar para gerar uma sociedade sustentável global fundada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade de vida e com as futuras gerações.

TERRA, NOSSO LAR

A humanidade é parte de um vasto universo em evolução. A Terra, nosso lar, é viva como uma comunidade de vida incomparável. As forças da natureza fazem da existência uma aventura exigente e incerta, mas a Terra providenciou as condições essenciais para a evolução da vida. A capacidade de recuperação da comunidade de vida e o bem-estar da humanidade dependem da preservação de uma biosfera saudável com todos seus sistemas ecológicos, uma rica variedade de plantas e animais, solos férteis, águas puras e ar limpo. O meio ambiente global com seus recursos finitos é uma preocupação comum de todos os povos. A proteção da vitalidade, diversidade e beleza da Terra é um dever sagrado.

A SITUAÇÃO GLOBAL
 
Os padrões dominantes de produção e consumo estão causando devastação ambiental, esgotamento dos recursos e uma massiva extinção de espécies. Comunidades estão sendo arruinadas. Os benefícios do desenvolvimento não estão sendo divididos eqüitativamente e a diferença entre ricos e pobres está aumentando. A injustiça, a pobreza, a ignorância e os conflitos violentos têm aumentado e são causas de grande sofrimento. O crescimento sem precedentes da população humana tem sobrecarregado os sistemas ecológico e social. As bases da segurança global estão ameaçadas. Essas tendências são perigosas, mas não inevitáveis.

DESAFIOS FUTUROS

A escolha é nossa: formar uma aliança global para cuidar da Terra e uns dos outros ou arriscar a nossa destruição e a da diversidade da vida. São necessárias mudanças fundamentais em nossos valores, instituições e modos de vida. Devemos entender que, quando as necessidades básicas forem supridas, o desenvolvimento humano será primariamente voltado a ser mais e não a ter mais. Temos o conhecimento e a tecnologia necessários para abastecer a todos e reduzir nossos impactos no meio ambiente. O surgimento de uma sociedade civil global está criando novas oportunidades para construir um mundo democrático e humano. Nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções inclusivas.

RESPONSABILIDADE UNIVERSAL

Para realizar estas aspirações, devemos decidir viver com um sentido de responsabilidade universal, identificando-nos com a comunidade terrestre como um todo, bem como com nossas comunidades locais. Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo no qual as dimensões local e global estão ligadas. Cada um compartilha responsabilidade pelo presente e pelo futuro bem-estar da família humana e de todo o mundo dos seres vivos. O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da existência, com gratidão pelo dom da vida e com humildade em relação ao lugar que o ser humano ocupa na natureza.
Necessitamos com urgência de uma visão compartilhada de valores básicos para proporcionar um fundamento ético à comunidade mundial emergente. Portanto, juntos na esperança, afirmamos os seguintes princípios, interdependentes, visando a um modo de vida sustentável como padrão comum, através dos quais a conduta de todos os indivíduos, organizações, empresas, governos e instituições transnacionais será dirigida e avaliada.

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DE VIDA

1. Respeitar a Terra e a vida em toda sua diversidade.
  1. Reconhecer que todos os seres são interdependentes e cada forma de vida tem valor, independentemente de sua utilidade para os seres humanos.
  2. Afirmar a fé na dignidade inerente de todos os seres humanos e no potencial intelectual, artístico, ético e espiritual da humanidade.
2. Cuidar da comunidade da vida com compreensão, compaixão e amor.
  1. Aceitar que, com o direito de possuir, administrar e usar os recursos naturais, vem o dever de prevenir os danos ao meio ambiente e de proteger os direitos das pessoas.
  2. Assumir que, com o aumento da liberdade, dos conhecimentos e do poder, vem a
    maior responsabilidade de promover o bem comum.
3. Construir sociedades democráticas que sejam justas, participativas, sustentáveis e pacíficas.
  1. Assegurar que as comunidades em todos os níveis garantam os direitos humanos e as liberdades fundamentais e proporcionem a cada pessoa a oportunidade de realizar seu pleno potencial.
  2. Promover a justiça econômica e social, propiciando a todos a obtenção de uma condição de vida significativa e segura, que seja ecologicamente responsável.
4. Assegurar a generosidade e a beleza da Terra para as atuais e às futuras gerações.
  1. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações futuras.
  2. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apóiem a prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra a longo prazo.
II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial atenção à diversidade biológica e aos processos naturais que sustentam a vida.
  1. Adotar, em todos os níveis, planos e regulamentações de desenvolvimento sustentável que façam com que a conservação e a reabilitação ambiental sejam parte integral de todas as iniciativas de desenvolvimento.
  2. stabelecer e proteger reservas naturais e da biosfera viáveis, incluindo terras selvagens e áreas marinhas, para proteger os sistemas de sustento à vida da Terra, manter a biodiversidade e preservar nossa herança natural.
  3. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçados.
  4. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que
    causem dano às espécies nativas e ao meio ambiente e impedir a introdução desses
    organismos prejudiciais.
  5. Administrar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que não excedam às taxas de regeneração e que protejam a saúde dos ecossistemas.
  6. Administrar a extração e o uso de recursos não-renováveis, como minerais e combustíveis fósseis de forma que minimizem o esgotamento e não causem dano ambiental grave.
6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento for limitado, assumir uma postura de precaução.
  1. Agir para evitar a possibilidade de danos ambientais sérios ou irreversíveis, mesmo quando o conhecimento científico for incompleto ou não-conclusivo.
  2. Impor o ônus da prova naqueles que afirmarem que a atividade proposta não causará dano significativo e fazer com que as partes interessadas sejam responsabilizadas pelo dano ambiental.
  3. Assegurar que as tomadas de decisão considerem as conseqüências cumulativas, a longo prazo, indiretas, de longo alcance e globais das atividades humanas.
  4. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.
  5. Evitar atividades militares que causem dano ao meio ambiente.
7. Adotar padrões de produção, consumo e reprodução que protejam as capacidades regenerativas da Terra, os direitos humanos e o bem-estar comunitário.
  1. Reduzir, reutilizar e reciclar materiais usados nos sistemas de produção e consumo e garantir que os resíduos possam ser assimilados pelos sistemas ecológicos.
  2. Atuar com moderação e eficiência no uso de energia e contar cada vez mais com fontes energéticas renováveis, como a energia solar e do vento.
  3. Promover o desenvolvimento, a adoção e a transferência eqüitativa de tecnologias
    ambientais seguras.
  4. Incluir totalmente os custos ambientais e sociais de bens e serviços no preço de venda e habilitar os consumidores a identificar produtos que satisfaçam às mais altas normas sociais e ambientais.
  5. Garantir acesso universal à assistência de saúde que fomente a saúde reprodutiva e a reprodução responsável.
  6. Adotar estilos de vida que acentuem a qualidade de vida e subsistência material num mundo finito.
8. Avançar o estudo da sustentabilidade ecológica e promover o intercâmbio aberto e aplicação ampla do conhecimento adquirido.
  1. Apoiar a cooperação científica e técnica internacional relacionada à sustentabilidade, com especial atenção às necessidades das nações em desenvolvimento.
  2. Reconhecer e preservar os conhecimentos tradicionais e a sabedoria espiritual em todas as culturas que contribuem para a proteção ambiental e o bem-estar humano.
  3. Garantir que informações de vital importância para a saúde humana e para a proteção ambiental, incluindo informação genética, permaneçam disponíveis ao domínio público.
III. JUSTIÇA SOCIAL E ECONÔMICA

9. Erradicar a pobreza como um imperativo ético, social e ambiental.
  1. Garantir o direito à água potável, ao ar puro, à segurança alimentar, aos solos não contaminados, ao abrigo e saneamento seguro, alocando os recursos nacionais e internacionais demandados.
  2. Prover cada ser humano de educação e recursos para assegurar uma condição de vida sustentável e proporcionar seguro social e segurança coletiva aos que não são capazes de se manter por conta própria.
  3. Reconhecer os ignorados, proteger os vulneráveis, servir àqueles que sofrem e habilitá-los a desenvolverem suas capacidades e alcançarem suas aspirações.
10. Garantir que as atividades e instituições econômicas em todos os níveis promovam o desenvolvimento humano de forma eqüitativa e sustentável.
  1. Promover a distribuição eqüitativa da riqueza dentro das e entre as nações.
  2. Incrementar os recursos intelectuais, financeiros, técnicos e sociais das nações em desenvolvimento e liberá-las de dívidas internacionais onerosas.
  3. Assegurar que todas as transações comerciais apóiem o uso de recursos sustentáveis, a proteção ambiental e normas trabalhistas progressistas.
  4. Exigir que corporações multinacionais e organizações financeiras internacionais
    atuem com transparência em benefício do bem comum e responsabilizá-las pelas
    conseqüências de suas atividades.
11. Afirmar a igualdade e a eqüidade dos gêneros como pré-requisitos para o desenvolvimento sustentável e assegurar o acesso universal à educação, assistência de saúde e às oportunidades econômicas.
  1. Assegurar os direitos humanos das mulheres e das meninas e acabar com toda violência contra elas.
  2. Promover a participação ativa das mulheres em todos os aspectos da vida econômica, política, civil, social e cultural como parceiras plenas e paritárias, tomadoras de decisão, líderes e beneficiárias.
  3. Fortalecer as famílias e garantir a segurança e o carinho de todos os membros da
    família.
12. Defender, sem discriminação, os direitos de todas as pessoas a um ambiente natural e social capaz de assegurar a dignidade humana, a saúde corporal e o bem-estar espiritual, com especial atenção aos direitos dos povos indígenas e minorias.
  1. Eliminar a discriminação em todas as suas formas, como as baseadas em raça, cor, gênero, orientação sexual, religião, idioma e origem nacional, étnica ou social.
  2. Afirmar o direito dos povos indígenas à sua espiritualidade, conhecimentos, terras e recursos, assim como às suas práticas relacionadas com condições de vida sustentáveis.
  3. Honrar e apoiar os jovens das nossas comunidades, habilitando-os a cumprir seu
    papel essencial na criação de sociedades sustentáveis.
  4. Proteger e restaurar lugares notáveis pelo significado cultural e espiritual.
IV. DEMOCRACIA, NÃO-VIOLÊNCIA E PAZ

13. Fortalecer as instituições democráticas em todos os níveis e prover transparência e responsabilização no exercício do governo, participação inclusiva na tomada de decisões e acesso à justiça.
  1. Defender o direito de todas as pessoas receberem informação clara e oportuna sobre assuntos ambientais e todos os planos de desenvolvimento e atividades que possam afetá-las ou nos quais tenham interesse.
  2. Apoiar sociedades civis locais, regionais e globais e promover a participação significativa de todos os indivíduos e organizações interessados na tomada de decisões.
  3. Proteger os direitos à liberdade de opinião, de expressão, de reunião pacífica, de associação e de oposição.
  4. Instituir o acesso efetivo e eficiente a procedimentos judiciais administrativos e independentes, incluindo retificação e compensação por danos ambientais e pela ameaça de tais danos.
  5. Eliminar a corrupção em todas as instituições públicas e privadas.
  6. Fortalecer as comunidades locais, habilitando-as a cuidar dos seus próprios ambientes, e atribuir responsabilidades ambientais aos níveis governamentais onde possam ser cumpridas mais efetivamente.
14. Integrar, na educação formal e na aprendizagem ao longo da vida, os conhecimentos, valores e habilidades necessárias para um modo de vida sustentável.
  1. Prover a todos, especialmente a crianças e jovens, oportunidades educativas que lhes permitam contribuir ativamente para o desenvolvimento sustentável.
  2. Promover a contribuição das artes e humanidades, assim como das ciências, na educação para sustentabilidade.
  3. Intensificar o papel dos meios de comunicação de massa no aumento da conscientização sobre os desafios ecológicos e sociais.
  4. Reconhecer a importância da educação moral e espiritual para uma condição de vida sustentável.
15. Tratar todos os seres vivos com respeito e consideração.
  1. Impedir crueldades aos animais mantidos em sociedades humanas e protegê-los de sofrimento.
  2. Proteger animais selvagens de métodos de caça, armadilhas e pesca que causem sofrimento extremo, prolongado ou evitável.
  3. Evitar ou eliminar ao máximo possível a captura ou destruição de espécies não visadas.
16. Promover uma cultura de tolerância, não-violência e paz.
  1. Estimular e apoiar o entendimento mútuo, a solidariedade e a cooperação entre todas as pessoas, dentro das e entre as nações.
  2. Implementar estratégias amplas para prevenir conflitos violentos e usar a colaboração na resolução de problemas para administrar e resolver conflitos ambientais e outras disputas.
  3. Desmilitarizar os sistemas de segurança nacional até o nível de uma postura defensiva não-provocativa e converter os recursos militares para propósitos pacíficos, incluindo restauração ecológica.
  4. Eliminar armas nucleares, biológicas e tóxicas e outras armas de destruição em
    massa.
  5. Assegurar que o uso do espaço orbital e cósmico ajude a proteção ambiental e a paz.
  6. Reconhecer que a paz é a plenitude criada por relações corretas consigo mesmo, com outras pessoas, outras culturas, outras vidas, com a Terra e com a totalidade maior da qual somos parte.
O CAMINHO ADIANTE 

Como nunca antes na História, o destino comum nos conclama a buscar um novo começo. Tal renovação é a promessa destes princípios da Carta da Terra. Para cumprir esta promessa, temos que nos comprometer a adotar e promover os valores e objetivos da Carta. 

Isto requer uma mudança na mente e no coração. Requer um novo sentido de interdependência global e de responsabilidade universal. Devemos desenvolver e aplicar com imaginação a visão de um modo de vida sustentável nos níveis local, nacional, regional e global. Nossa diversidade cultural é uma herança preciosa e diferentes culturas encontrarão suas próprias e distintas formas de realizar esta visão. Devemos aprofundar e expandir o diálogo global que gerou a Carta da Terra, porque temos muito que aprender a partir da busca conjunta em andamento por verdade e sabedoria. 

A vida muitas vezes envolve tensões entre valores importantes. Isto pode significar escolhas difíceis. Entretanto, necessitamos encontrar caminhos para harmonizar a diversidade com a unidade, o exercício da liberdade com o bem comum, objetivos de curto prazo com metas de longo prazo. Todo indivíduo, família, organização e comunidade tem um papel vital a desempenhar. As artes, as ciências, as religiões, as instituições educativas, os meios de comunicação, as empresas, as organizações não-governamentais e os governos são todos chamados a oferecer uma liderança criativa. A parceria entre governo, sociedade civil e empresas é essencial para uma governabilidade efetiva. 

Para construir uma comunidade global sustentável, as nações do mundo devem renovar seu compromisso com as Nações Unidas, cumprir com suas obrigações respeitando os acordos internacionais existentes e apoiar a implementação dos princípios da Carta da Terra com um instrumento internacionalmente legalizado e contratual sobre o ambiente e o desenvolvimento. 

Que o nosso tempo seja lembrado pelo despertar de uma nova reverência face à vida, pelo compromisso firme de alcançar a sustentabilidade, a intensificação dos esforços pela justiça e pela paz e a alegre celebração da vida.

Dia da Terra: nosso precioso Pálido Ponto Azul


Hoje, 22 de abril, a Terra se torna "quarentona". Bem, ao menos as comemorações pelo Dia da Planeta completam 40 anos de existência. 

Para celebrar a ocasião resolvi postar este vídeo do Carl Sagan: Pálido Ponto Azul.

O Ser Consciente combate o racismo: em memória de Dorothy Height


Mais um Ser Consciente nos deixa: Dorothy Height, a voz feminina mais famosa do movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos, faleceu nesta terça (20/04), aos 98 anos. 

Assistente social, Dorothy começou sua carreira como defensora dos direitos civis e igualdade dos gêneros durante os anos 30, trabalhando para prevenir o linchamento, reformar o sistema de justiça criminal e garantir livre acesso dos negros aos locais públicos dos Estados Unidos. Adolescente, ela marchou na Times Square, em Nova York, gritando: "Parem com o linchamento". 

Nos anos 50 e 60, ela era a principal mulher ao lado de Martin Luther King Jr. e outros ativistas do movimento de direitos civis. Dorothy se tornou presidente do Conselho Nacional de Mulheres Negras em 1957 e ficou no cargo até 1997, quando tinha 85 anos. Ela permaneceu no conselho do grupo até hoje. "Eu espero não trabalhar tão duro para o resto da minha vida", disse. "Mas seja no conselho, seja em qualquer outro lugar, eu trabalharei pela igualdade, pela justiça, para eliminar o racismo, para construir uma vida melhor para nossas famílias e nossas crianças". 

Em 1994, o então presidente Bill Clinton deu a Dorothy a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honra civil do país. Dez anos depois, em 2004, ela ganhou a Medalha de Ouro do Congresso. 

Dorothy será lembrada por sua incansável luta pelos direitos civis. Seu legado jamais será esquecido.


Adaptado de: Ícone da luta pelos direitos civis, Dorothy Height morre aos 98 anos - Folha Online

19 de abril de 2010

Os direitos do planeta Terra

Por Leonardo Boff

"Um tema central da Cúpula dos Povos sobre as Mudanças Climática, reunida em Cochabamba de 19-23 de abril, convocada pelo Presidente da Bolívia Evo Morales é o da subjetividade da Terra, de sua dignidade e direitos.(...)

Há uma tradição da mais alta ancestralidade que sempre entendeu a Terra com a Grande Mãe que nos gera e que fornece tudo o que precisamos para viver. As ciências da Terra e da vida vieram, pela via científica, nos confirmaram esta visão. A Terra é um superorganismo vivo, Gaia, que se autoregula para ser sempre apta para manter a vida no planeta. A própria biosfera é um produto biológico pois se origina da sinergia dos organismos vivos com todos os demais elementos da Terra e do cosmos. Criaram o habitat adequado para a vida, a biosfera.Portanto, não há apenas vida sobre a Terra. A Terra mesma é viva e como tal possui um valor intrínseco e deve ser respeitada e cuidada como todo ser vivo. Este é um dos títulos de sua dignidade e a base real de seu direito de existir e de ser respeitada como os demais seres.

(...) 

Se os seres humanos possuem dignidade e direitos, como é consenso dos povos, e se Terra e seres humanos constituem uma unidade indivisível, então podemos dizer que a Terra participa da dignidade e dos direitos dos seres humanos.

Por isso não pode sofrer sistemática agressão, exploração e depredação por um projeto de civilização que apenas a vê como algo sem inteligência e por isso a trata sem qualquer respeito, negando-lhe valor autônomo e intrínseco em função da acumulação de bens materiais. É uma ofensa à sua dignidade e uma violação de seus direitos de poder continuar inteira, limpa e com capacidade de reprodução e de regeneração. Por isso, está em discussão um projeto na ONU de um Tribunal da Terra que pune quem viola sua dignidade, desfloresta e contamina seus oceanos e destrói seus ecossistemas , vitais para a manutenção dos climas e da vida.

 (...) 

Uma razão a mais para entender, com os dados da ciência cosmológica mais avança, que a Terra possui dignidade e por isso é portadora de direitos e de nossa parte de deveres de cuidá-la, amá-la e mantê-la saudável para continuar a nos gerar e nos oferecer os bens e serviços que nos presta".


18 de abril de 2010

Carta pela compaixão - Charter for Compassion

Compaixão. Essa é uma daquelas palavrinhas mágicas que deveríamos incluir permanentemente em nosso vocabulário. Entretanto, mais do que professar compaixão, precisamos senti-la e vivê-la. 

E com este intuito surgiu o Charter for Compassion, um movimento que reune pessoas das mais variadas etnias e crenças em torno deste ideal. Só falta você.
 

O texto abaixo é manifesto do movimento, escrito à muitas mãos e disponível em mais de 30 línguas:

Carta pela Compaixão

O princípio da compaixão é o cerne de todas as tradições religiosas, éticas e espirituais, nos conclamando sempre a tratar todos os outros da mesma maneira como gostaríamos de ser tratados. A compaixão nos impele a trabalhar incessantemente com o intuito de aliviarmos o sofrimento do nosso próximo, o que inclui todas as criaturas, de nos destronarmos do centro do nosso mundo e, no lugar, colocar os outros, e de honrarmos a santidade inviolável de todo ser humano, tratando todas as pessoas, sem exceção, com absoluta justiça, eqüidade e respeito.

É necessário também, tanto na vida pública como na vida privada, nos abstermos, de forma consistente e empática, de infligir dor. Agir ou falar de maneira violenta devido a maldade, chauvinismo ou interesse próprio a fim de depauperar, explorar ou negar direitos básicos a alguém e incitar o ódio ao denegrir os outros – mesmo os nossos inimigos – é uma negação da nossa humanidade em comum. Reconhecemos que falhamos na tentativa de viver de forma compassiva e que alguns de nós até mesmo aumentaram a soma da miséria humana em nome da religião.

Portanto, conclamamos todos os homens e mulheres ~ a restaurar a compaixão ao centro da moralidade e da religião ~ a retornar ao antigo princípio de que é ilegítima qualquer interpretação das escrituras que gere ódio, violência ou desprezo ~ garantir que os jovens recebam informações exatas e respeitosas a respeito de outras tradições, religiões e culturas ~ incentivar uma apreciação positiva da diversidade religiosa e cultural ~ cultivar uma empatia bem-informada pelo sofrimento de todos os seres humanos - mesmo daqueles considerados inimigos.

É urgente que façamos da compaixão uma força clara, luminosa e dinâmica no nosso mundo polarizado. Com raízes em uma determinação de princípios de transcender o egoísmo, a compaixão pode quebrar barreiras políticas, dogmáticas, ideológicas e religiosas. Nascida da nossa profunda interdependência, a compaixão é essencial para os relacionamentos humanos e para uma humanidade realizada. É o caminho para a iluminação e é indispensável para a criação de uma economia justa e de uma comunidade global pacífica.

Kids Vs. Career: "As A Generation We Were Bred Not To Prioritize Finding A Husband And Having A Family"

Hortense
 
Writing for the Times of London, Eleanor Mills admits that she, and many of her female peers, were raised to value their careers, "but now, and often too late, we are realizing that no job will ever love you back."


Mills, who is 39, notes that her own mother made her brothers play with dolls, while she was given a computer to play with, a gender role challenge she says many of her peers were given as well, as her friends' feminist mothers pushed them to step outside of expected domestic duties and challenge themselves in traditionally male areas. "One feminist mother of a friend of mine never let her daughter clear the table or wash up," she writes, "her brothers were expected to do it - because she didn't want her daughter to think domestic chores were women's work."

And while Mills is quick to point out that her friends have gone on to great successes, career wise, as a result, she also notes that many of them are struggling personally, ending up alone and childless in their 40s and regretting some of the choices they've made. It's an odd article, as Mills is writing it from the perspective of a married mother, and most of her insight seems to be sprinkled with smug married syndrome and a dash of "oh, poor thing" pity for women who didn't choose to follow the same path. She repeatedly expresses a sadness for childless women, going so far as to assume that one of her child-free friends is pulling away from her and other mothers as "if my biological clock were ticking out, the last person I'd want to see is a married mate with three kids."
 
Mills' language strikes me as a bit extreme throughout the piece; in one paragraph, she seems to paint all 40-something single women as Scary Sadshaws who can't fill the holes in their personal life with the shoes in their closets and such: "As they stare into a barren future, many singletons wish they'd put some of the focus and drive that has furnished them with sparkling careers, worn-out passports and glamorous social lives into the more mundane business of having a family." Who are these "many singletons?" There are no quotes from any in Mills' piece; just an observation she seems to have made based on her own projections of the inner lives of single women. She goes on to ask "what went wrong?" and wraps up with "I wish all my single girlfriends luck in finding a husband and having two healthy babies in their forties. But fairytale endings are hard to come by."

I can understand the underlying point of Mills' argument; that perhaps girls need to be reminded that family should be as much of a priority as career, and that we should not attempt to diminish one by promoting the other. But everything about her article, including the title, "Learning To Be Left On The Shelf," implies that there is something wrong with a woman who chooses one over the other, or a woman whose idea of "happily ever after" doesn't include a husband and 2.2 children. Perhaps instead of pitying women for the choices they've made, or blaming them for not being able to make "the right" choices and find "the right" balance, we should continue challenging the societal standards that STILL make it so difficult for women to do and have both, or either, including the disapproving stares of other women who take their own fairytale endings and try to apply them to everyone else's lives.

Fonte: Jezebel