7 de outubro de 2013

Sobre a difícil decisão de utilizar serviços públicos no Brasil

Quem me conhece sabe que há tempos venho militando a favor da ideia de que devemos usar os serviços públicos e exigir que sejam melhores. Eu realmente acredito que a melhor maneira de melhorar a nossa vida e ampliar nossa cidadania é não dar as costas para os serviços essenciais prestados pelas prefeituras e estados só porque temos recursos para pagar por substitutos particulares.

Assim, defendo a ideia de matricular nossos filhos em escolas públicas e acompanhar de perto a prestação do serviço... frequentar hospitais públicos e exigir tratamento digno e respeito no atendimento... usar transporte público e mobilizar nossa rede para melhorar o acesso e o custo deste serviço.

Mas como dizem por aí, "na prática, a teoria é outra"! No mês passado, tirei férias para escolher a escola da minha filha e, claro, incluí as escolas públicas na minha lista de opções. Embora conheça escolas de referência na minha região e tenha ido visitá-las com a mente totalmente aberta, percebi uma forte resistência das escolas públicas em prestar esclarecimentos aos pais sobre seus serviços, suas dependências, suas rotinas.

Algumas escolas públicas que pesquisei já me receberam assim: "Olha, mãe, não é possível visitar a escola! Imagina se todos os pais quiserem conhecer a escola, como é que vai ser? Vamos ter que deixar de trabalhar pra ficar o dia todo apresentando escola..." Enquanto as escolas particulares abriam as portas e respondiam as perguntas com toda gentileza e interesse, nas escolas públicas eu tive que insistir bastante para conversar com as coordenadoras pedagógicas, e praticamente não passava da sala dela... nenhuma se propôs a circular comigo nos corredores, mostrar as salas, o pátio e outras dependências. Muito menos deixar que eu visse as crianças em sua rotina diária.

Agora, me diga: como vou escolher uma dessas escolas? No escuro? Por mais ideologia e vontade que eu tenha de comprar essa batalha, é muito difícil confiar a vida escolar da minha filha nessas instituições que não parecem nem um pouco interessadas em mostrar transparência, embora sejam públicas. Será que uma mãe mais zelosa e cuidadosa não vai incomodar os professores e funcionários da escola? Incomodados, como tratarão minha filha lá dentro? Será que vou atuar como "andorinha só", tentando exigir direitos enquanto outros pais assistem novela despreocupadamente pois conseguiram uma vaga na escola mais próxima de suas casas? E mesmo que eu escolha uma delas, será que minha filha irá mesmo para esta escola, ou o cadastro único abrirá uma vaga na outra escola ao lado, que tem 1,5 ponto abaixo no IDEB?

Enfim... diante de tantas dúvidas e insegurança, só me restou mesmo ceder à pressão e optar por uma escola particular. Tentei fugir dos estereótipos e das opções mais obvias e escolhi uma escola montessoriana, sem apostilas, "sistemas" padronizados de ensino ou testes de admissão (bizarros!).
Escolhi uma escola que ofereça um pouco mais de diversidade, com vagas gratuitas a pessoas da comunidade com renda mais baixa, e que procure educar de forma mais integral.

Mas ficou uma pontinha de frustração por não ter conseguido ser firme o suficiente para atuar de acordo com o princípio de cidadania que eu mesma me comprometi... contradições entre a razão de cidadã indignada e o coração de mãe responsável. A mãe predominou na decisão. Enfim, como disse um amigo ontem, a emoção veio antes da razão.

28 de março de 2013

Kakenya Ntaiya: Uma menina que exigiu a escola


Kakenya-NtaiyaAos 13 anos, Kakenya fez um acordo com seu pai: Ela se submeteria ao tradicional rito de passagem Maassai, a circuncisão feminina, se ele a deixasse frequentar o ensino médio. 

Em mais uma inspiradora palestra do TED, Ntaiya conta sua corajosa história até chegar à faculdade, e seu trabalho junto aos anciões de sua vila, para construir uma escola para meninas na comunidade. É a jornada educacional de alguém que mudou o destino de 125 jovens mulheres. Nas palavras de Kakenya, 

"Agora, enquanto conversamos, 125 meninas jamais serão mutiladas. Cento e vinte cinco meninas não se casarão aos 12 anos. Cento e vinte cinco meninas estão criando e alcançando seus sonhos. É isto que estamos fazendo, dando oportunidades para que elas cresçam. Enquanto conversamos, mulheres não estão sendo espancadas devido as revoluções que começamos em nossa comunidade".

Assista ao vídeo legendado em Português: