16 de maio de 2016

Preste atenção a essas ideias: você ainda vai usar no seu dia a dia!

Nos últimos dias, participei de dois eventos e conheci soluções que me abriram os olhos para um mundo novo. Separei algumas ideias para mostrar a vocês, que são simplesmente geniais por sua simplicidade ou engenhosidade. Todas elas já estão em protótipo ou funcionando em escala menor, mas fique ligado, pois elas ainda farão parte do seu dia a dia.
  • Troco fácil: Você sabia que hoje existem mais de 7 bilhões de reais fora de circulação pelo “efeito cofrinho”? São bilhões de moedinhas guardadas em potinhos, gavetas, caixinhas e cofrinhos que representam 40% do total de moedas em nosso sistema financeiro. Por causa desse hábito, supermercados, pedágios e feirantes tem constante falta de troco. O troco fácil é uma solução simples, barata e portátil de mudar esse comportamento. Pode ser usado por bancos, lojas e varejo e outras empresas que desejam estimular o consumidor a colocar suas moedinhas em circulação. Mais informações, enviem e-mail para contato@andydesantis.com.br que terei prazer em explicar como funciona!



  • Copo de mandioca: Para reduzir o uso de isopor e outros materiais poluentes, não biodegradáveis, a CBPAK (www.cbpak.com.br) utiliza a fécula de mandioca como matéria-prima para produzir copos bandejas descartáveis.

  • Adeus, descarga! Outra solução biodegradável que pode gerar uma economia anual de R$ 650,00 na sua conta de água é o Piipee (www.piipee.com.br), um dispositivo que promete reinventar o vaso sanitário. Junto com o dispositivo, você compra um refil de solução química biodegradável para acionar após urinar. Apenas 1ml de produto remove o odor da urina, altera a coloração, higieniza e libera perfume agradável no banheiro, sem a necessidade de gastar uma gota de água.
fonte da imagem: meumundosustentavel.com
  • Sua casa vai causar: Quer economizar com energia, água, resíduos na sua casa? Quer reduzir os impactos negativos da sua casa no meio ambiente? O projeto CasaCausa (www.casacausa.com.br) promete colocar em contato pessoas que queiram trazer mais sustentabilidade para seu lar com profissionais que tenham soluções para transformar sua casa em um habitat mais equilibrado com a natureza e o planeta.

O mundo está mudando, já existem ótimas ideias e podemos fazer parte do problema ou da solução. A escolha é nossa!

5 de agosto de 2015

Colabor Ativa Mente

Escassez x Abundância. Palavras que rondam minha mente e inadvertidamente conflitam em meu universo de contradições. De um lado: estoques, reservas, futuro, imprevistos, planejar, acumular, racionar, fracionar. De outro: fluxo, circulação, sincronicidade, presente, dádiva, colaborar, compartilhar, multiplicar, desapegar.
Eduardo Giannetti me alerta sobre o custo que pagaremos no futuro por antecipar os desejos do presente. O IPCC e o WorldWatch Institute me jogam na cara os danos que causamos ao planeta após séculos de abusos sem limites e Fabio Gandour engrossa o caldo da escassez dizendo que com o aumento da população e do consumo, “vai faltar átomos”. O que me remete à ideia de estocar, preservar, proteger, prever e cuidar.

Como profissional da área da educação financeira conectada à sustentabilidade, tenho constantemente orientado as pessoas a sempre preservar seus recursos de hoje pensando no amanhã, construir uma reserva para imprevistos, poupar, evitar desperdícios e de certa forma, acumular patrimônio para garantir uma aposentadoria saudável e próspera. Eu estava bem resolvida e confortável com estas ideias e conceitos, até que Denize Guedes me aparece dizendo que esta é uma lógica perversa, que reforça o paradigma vigente da escassez. Oi? Explico!

Segundo o paradigma da escassez, acreditamos que não tem para todo mundo, por isso temos medo que falte, assim, criamos estoques, retirando os bens de circulação. Com isso, aumentamos o custo da transação e a consequência é que excluímos quem não pode pagar.  Ou seja, a profecia se autorrealiza: não tem para todo mundo.

Joseph Jaworski e Zygmunt Bauman me dizem que tentar controlar um mundo líquido, não fixo com fixidez é uma ilusão. Lala Deheinzelin me fala sobre a infinita possibilidade de combinações criativas em um mundo de recursos tangíveis finitos. Augusto de Franco, Charles Eisenstein, Oswaldo Oliveira e Camila Haddad me falam do poder e da abundância da rede distribuída e da atitude colaborativa para gerar valor que, uma vez doado, trocado, emprestado e compartilhado, irá circular e retornará a quem estiver aberto e de prontidão. Este é o paradigma da abundância, que opera segundo a seguinte lógica.

Acreditamos que tem para todo mundo, por isso temos esperança que sempre tenha, assim, criamos e colaboramos uns com os outros, multiplicando as possibilidades, colocando bens e serviços em circulação e aumentando o fluxo. Com isso, reduzimos o custo da transação e a consequência é que incluímos quem não pode pagar. Ou seja, a profecia também se autorrealiza: tem para todo mundo.

Como faces da mesma moeda, estas palavras remetem a sentidos diferentes de economia, mas principalmente de posturas diante da vida. Uma baseada na prevenção, nos riscos, na dúvida, no controle, no indivíduo, na falta, na quantidade, no valor tangível. Outra fundada na riqueza da imprevisibilidade, na conexão, no presente, nas infinitas possibilidades, na confiança, no coletivo, na qualidade e no valor intangível.

Qual delas escolher? Que caminho seguir? Devo me proteger dos riscos do futuro imprevisível, planejar cada passo, calcular cada movimento, preservar o conhecido, controlar cada moeda, gota d’água ou segundo, poupar para amanhã? Ou devo confiar na providência, me entregar ao invisível, empreender as oportunidades, crer para depois ver, investir no agora?

Angustiada com esta dicotomia, busquei referências na natureza. Como será que os seres vivos que vieram antes de nós operam? Colaboram ou competem? Reservam para o futuro ou se entregam ao fluxo? Claro que nesta busca biomimética encontrei exemplos dos dois paradigmas, embora Ricardo Mastroti tenha me garantido que, na natureza 0,001% é competição enquanto 99,999% é colaboração!!! Humm, uma boa pista não? Será que estamos caminhando para um futuro mais alinhado ao que nossos irmãos mais evoluídos já vivenciam há muito tempo?

        Mas há também na natureza, exemplos clássicos de preservação de energia, recursos e alimentos para vivenciar os períodos mais críticos, onde os recursos naturais se escasseiam e o ambiente se torna mais inóspito. Quem não conhece a famosa história da formiga e da cigarra, na qual a primeira acumula folhas para sobreviver ao inverno enquanto a segunda, entregue totalmente ao fluxo, passa o inverno cantando até morrer? Ou o exemplo dos ursos que hibernam durante alguns meses poupando energia vital até que o alimento volte a ser abundante?

Enfim, sempre me pareceu uma visão extremista tentar escolher entre um caminho ou outro. Sou uma profunda entusiasta do e, por isso ontem fez muito sentido ter a chance de conversar um pouco com Oswaldo Oliveira que definiu em uma palavra muito peculiar esta tentativa de superar este sentimento de separação que vivemos e pelo qual procuramos definir ou justificar nossas práticas. Ele disse: “É preciso saber INTEGRAR a sobrevivência com a evolução”.

Minha leitura desta sábia frase na prática é que devemos urgentemente refletir para que possamos encontrar este caminho do meio, esta medida ótima entre prudência, cuidado e cautela que nos permite sobreviver ao dia a dia, talvez mantendo um certo estoque de recursos externos a nós para que possamos sentir um pouco mais de segurança ao caminhar rumo ao desenvolvimento e à evolução. Esta caminhada nos exige uma entrega ousada, confiante e corajosa de recursos internos ao fluxo de abundância, para oferecer ao mundo o melhor de cada um de nós. Que o medo de morrer, errar, perder, fracassar não nos governe. Que a crença cega de que tudo será fácil e abundante sempre também não nos governe. Que sejamos capazes de viver o presente e participar da criação de suas infinitas possibilidades, sem perder de vista a finitude dos recursos e a possibilidade de enfrentar invernos rigorosos à nossa frente.

Isso para mim é sabedoria. A busca desta integração que nos motiva a continuar seguindo no propósito de discutir caminhos para construir uma relação saudável e digna com os recursos que nos nutrem e sustentam para que possamos encontrar e vivenciar a melhor versão de nós mesmos.

* Gratidão a todas as pessoas citadas neste texto que é fruto de um diálogo interno com cada uma delas, a partir de interações pessoais ou lidas, interpretadas por meus filtros  e vieses pessoais. Peço perdão se alguma das ideias aqui descritas não representa seus pensamentos, é apenas a minha imperfeita releitura. Convido a colaborar e continuar esta reflexão junto comigo.

15 de outubro de 2014

Consumo, logo existo?


Hoje é dia do Consumo Consciente, uma data criada para provocar a reflexão sobre as nossas decisões de compra, cada vez menos conscientes na chamada sociedade “de consumo", descrito por Jean Baudrillard(1) como a nova moral do mundo contemporâneo.

Você já parou para pensar sobre por que parecemos cada vez mais incompletos e precisamos consumir cada vez mais?

Trago aqui algumas reflexões que podem ajudar a entender melhor esse sentimento de incompletude. O ser humano é criador por natureza, faz parte de sua essência criar e transformar o mundo, e realizar-se com suas criações é uma fonte de muito prazer. Se você tem dúvidas sobre isso, basta lembrar da sensação que você tem quando prepara uma refeição especial, faz um desenho, escreve um texto ou cria um brinquedo para se divertir com seu filho. Antes da sociedade industrial, as pessoas eram responsáveis por todas as etapas de produção de suas criações, desde o projeto, passando pela escolha dos materiais até a finalização e acabamento dos produtos que produziam.

A sociedade industrial fragmentou e reduziu a qualidade da relação humana com o trabalho, alienando o ser humano do produto final de suas criações e transformando-o em uma peça de maquinário. Isso fez com que o trabalho deixasse de ser uma fonte de prazer e realização e se tornasse uma forma de ganhar dinheiro para poder usufruir mais tarde, por meio do consumo.

É por isso que muitas pessoas, mesmo tristes e insatisfeitas com seus trabalhos, evitam mudar sua situação e buscar outras oportunidades, pois o dinheiro “compensa” o sofrimento. Com isso, sua fonte de prazer é deslocada para os fins de semana e férias, quando podem sair para fazer compras, comer em restaurantes sofisticados e viajar para países exóticos.

Se você precisa esvaziar o bolso para ter prazer, talvez o primeiro passo seja repensar sua relação com o trabalho. Reveja quanto esse trabalho custa para você em saúde, qualidade de vida, satisfação e outros valores que não são financeiros, mas que somados, podem ter um preço muito alto na sua felicidade. Encontrar realização no trabalho pode ser uma ótima maneira de ter prazer remunerado.

E aproveitando o Dia do Professor, hoje também, recomendo para nós, educadores que desejamos provocar reflexões sobre consumo consciente nesta quarta-feira, o manual do ministério do Meio Ambiente sobre educação para o consumo sustentável, disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/consumo_sustentavel.pdf




[1] Para saber mais, leia A Sociedade de Consumo de Jean Baudrillard (Edições 70)

4 de agosto de 2014

O ser consciente passa gentileza adiante


Viver em uma megalópole como São Paulo é um grande desafio, disso ninguém duvida. Conviver com tanta gente compartilhando espaços e tempos restritos é um desafio ainda maior. Entretanto, há raros momentos de gentileza que merecem ser comentados.

A semana começou trazendo duas situações que alimentaram a minha esperança na capacidade humana de agir com consciência, visando o bem comum.

Acordei um pouco atrasada e na correria deixei escancarado o bolso da mochila, com a carteira quase pulando para fora. Peguei o ônibus cheio e ao descer no ponto, um rapaz me chamou, sorriu e avisou que a mochila estava aberta. Virei imediatamente para examinar o conteúdo e, ao contrário do que já estava esperando, nada havia sumido. Estava tudo ali, milimetricamente bagunçado, exatamente como eu havia deixado na minha pressa matinal.

Aliviada, continuei caminhando em direção à máquina para carregar o bilhete único, sem saldo para a passagem de metrô. Foi quando percebi que não tinha um único real para carregar o bendito bilhete. Tentei o cartão de débito, mas a máquina estava quebrada. Podem imaginar minha expressão de desânimo neste momento, só de pensar que teria que caminhar 20 minutos até a agência bancária mais próxima, o que certamente me atrasaria para a reunião que começaria em meia hora. De repente, surgiu um rapaz na minha frente e perguntou: está tudo bem?

Expliquei a situação e ele prontamente se ofereceu para pagar minha passagem de metrô. Eu nem precisei pedir! Claro que fiquei um tanto constrangida e meio sem ideias de como iria retribuir o favor. Tranquilamente, ele disse: eu já passei por isso e uma pessoa me ajudou, estou passando a gentileza adiante. Inspirada pela atitude, imediatamente me prontifiquei: Então, pronto! Se alguém precisar, repassarei o favor adiante. 
E ele respondeu: Faça isso!

Querido anônimo gentil, seja quem for ou de onde for, hoje você me relembrou que estamos interligados numa teia de relações e que somos todos um só. Quando faço bem ao outro, faço bem a mim mesmo.

Cada gesto conta. Boa semana!
























22 de março de 2014

O Ser Consciente dá seu sangue por uma boa causa!

"Esse é meu jeito de fazer revolução". É assim que Fabio Betti define sua contribuição habitual ao Hemocentro São Lucas onde vai mensalmente para doar plaquetas. Durante 1 hora e meia, ele se conecta a uma máquina que suga seu sangue, separa as plaquetas e devolve o restante.
Esse gesto já seria grande o suficiente para a maioria das pessoas, mas não para o Fábio. Dessa vez, ele resolveu ampliar a contribuição e convidou amigos para comemorar o seu aniversário "doando vida".

Foi uma festa muito animada, com tudo que tem direito. Palhaças, bolo, amigos e alegria!!

Só uma diferença entre essa festa e os aniversários comuns. O presente foi a solidariedade. Nós, amigos do Fábio, fomos convidados a participar desse dia junto com ele. Uma boa forma de reverter o quadro de falta de sangue que sempre aflige os hospitais brasileiros. 

Enquanto conversávamos sobre o assunto, Fábio comentou que gostaria de conhecer um paciente que já tenha recebido seu sangue. Nesse exato momento, a enfermeira traz a esposa de um dos pacientes, internado no hospital com câncer e já beneficiado pela atitude dele. Foi um momento de emoção que transbordou em todos nós. 

Feliz por ter aceito o convite de contribuir com a causa de Fábio, revê-lo e celebrar essa data especial, resolvi compartilhar um pouco dessa gratidão no blog, que tem o propósito de divulgar atitudes como essa de pessoas comuns que fazem a diferença no seu dia a dia. 



Uma boa dica para quem deseja celebrar novos ciclos de um jeito diferente.



E você, o que faz para mudar a realidade que tanto critica? 

Conte para nós!!!

26 de fevereiro de 2014

Encontro com o Futuro - NEF 10 anos

Fantástico o encontro dos 10 anos do NEF (Núcleo de Estudos do Futuro). Estar com pessoas iluminadas como Arnoldo de Hoyos, Ladislau Dowbor, Rosa Alegria, Lala Deheinzelin e Regina Migliori é sempre inspirador.

Frases que me tocaram ao longo da conversa:

"O futuro é o resto do tempo que a gente tem pra viver, é um território inexplorado
é um princípio de ação no presente" Rosa Alegria

"A única coisa permanente é a impermanência. A nossa diversão é fazer com que as pessoas não sintam medo dessa impermanência, pois ela pode assustar, mas de fato é uma oportunidade" Rosa Alegria

"A origem do NEF está na nossa insatisfação em ensinar apenas uma disciplina. Quando você ensina uma fatia, você não ensina as conexões" Ladislau Dowbor

"Para enxergar o que é visível mas ainda não foi visto, você precisa juntar os dados que carregam o longo prazo e começar a desenhar essa visão" Ladislau Dowbor

"Geograficamente vivemos em um mundo redondo, mas culturalmente vivemos em um mundo plano, pois só enxergamos os indicadores quantitativos, tangíveis e monetários. A economia é o fluxo não só monetário mas de todos os tipos de recurso. Enquanto os recursos tangíveis se esgotam em escassez, os intangíveis (conhecimento, cultura, criatividade, solidariedade) se multiplicam em abundância." Lala Deheinzelin

"Não basta falar de futuros desejáveis. É preciso viver um presente desejável." Lala Deheinzelin

“Toda a economia tradicional está fundada na visão de Adam Smith sobre o ser humano, ou seja, de que o homem age apenas movido por seu interesse próprio. Os estudos da neurociência revelam que o “interesse próprio” é um mecanismo processado nos núcleos da base cerebral. Porém, o que nos diferencia dos outros animais não é a base cerebral, mas sim a atividade no córtex pré-frontal, onde se processa o interesse coletivo. Portanto, nós humanos, somos estruturalmente éticos. Essa é a nossa natureza. E isso faz toda a diferença para definirmos as concepções da economia do futuro.” Regina Migliori

"Tudo que queremos buscar resume-se na palavra alinhamento. Encontrar o alinhamento interno permite nos conectarmos através de uma antena com o mundo esterno. À medida que estamos conscientes, afinamos a sintonia com esse processo, o que nos permite caminhar, fluir, entrar em flow com o universo" Arnoldo de Hoyos

"Um futuro já nos invadiu e está nos transformando" - NEF

7 de outubro de 2013

Sobre a difícil decisão de utilizar serviços públicos no Brasil

Quem me conhece sabe que há tempos venho militando a favor da ideia de que devemos usar os serviços públicos e exigir que sejam melhores. Eu realmente acredito que a melhor maneira de melhorar a nossa vida e ampliar nossa cidadania é não dar as costas para os serviços essenciais prestados pelas prefeituras e estados só porque temos recursos para pagar por substitutos particulares.

Assim, defendo a ideia de matricular nossos filhos em escolas públicas e acompanhar de perto a prestação do serviço... frequentar hospitais públicos e exigir tratamento digno e respeito no atendimento... usar transporte público e mobilizar nossa rede para melhorar o acesso e o custo deste serviço.

Mas como dizem por aí, "na prática, a teoria é outra"! No mês passado, tirei férias para escolher a escola da minha filha e, claro, incluí as escolas públicas na minha lista de opções. Embora conheça escolas de referência na minha região e tenha ido visitá-las com a mente totalmente aberta, percebi uma forte resistência das escolas públicas em prestar esclarecimentos aos pais sobre seus serviços, suas dependências, suas rotinas.

Algumas escolas públicas que pesquisei já me receberam assim: "Olha, mãe, não é possível visitar a escola! Imagina se todos os pais quiserem conhecer a escola, como é que vai ser? Vamos ter que deixar de trabalhar pra ficar o dia todo apresentando escola..." Enquanto as escolas particulares abriam as portas e respondiam as perguntas com toda gentileza e interesse, nas escolas públicas eu tive que insistir bastante para conversar com as coordenadoras pedagógicas, e praticamente não passava da sala dela... nenhuma se propôs a circular comigo nos corredores, mostrar as salas, o pátio e outras dependências. Muito menos deixar que eu visse as crianças em sua rotina diária.

Agora, me diga: como vou escolher uma dessas escolas? No escuro? Por mais ideologia e vontade que eu tenha de comprar essa batalha, é muito difícil confiar a vida escolar da minha filha nessas instituições que não parecem nem um pouco interessadas em mostrar transparência, embora sejam públicas. Será que uma mãe mais zelosa e cuidadosa não vai incomodar os professores e funcionários da escola? Incomodados, como tratarão minha filha lá dentro? Será que vou atuar como "andorinha só", tentando exigir direitos enquanto outros pais assistem novela despreocupadamente pois conseguiram uma vaga na escola mais próxima de suas casas? E mesmo que eu escolha uma delas, será que minha filha irá mesmo para esta escola, ou o cadastro único abrirá uma vaga na outra escola ao lado, que tem 1,5 ponto abaixo no IDEB?

Enfim... diante de tantas dúvidas e insegurança, só me restou mesmo ceder à pressão e optar por uma escola particular. Tentei fugir dos estereótipos e das opções mais obvias e escolhi uma escola montessoriana, sem apostilas, "sistemas" padronizados de ensino ou testes de admissão (bizarros!).
Escolhi uma escola que ofereça um pouco mais de diversidade, com vagas gratuitas a pessoas da comunidade com renda mais baixa, e que procure educar de forma mais integral.

Mas ficou uma pontinha de frustração por não ter conseguido ser firme o suficiente para atuar de acordo com o princípio de cidadania que eu mesma me comprometi... contradições entre a razão de cidadã indignada e o coração de mãe responsável. A mãe predominou na decisão. Enfim, como disse um amigo ontem, a emoção veio antes da razão.