15 de outubro de 2014

Consumo, logo existo?


Hoje é dia do Consumo Consciente, uma data criada para provocar a reflexão sobre as nossas decisões de compra, cada vez menos conscientes na chamada sociedade “de consumo", descrito por Jean Baudrillard(1) como a nova moral do mundo contemporâneo.

Você já parou para pensar sobre por que parecemos cada vez mais incompletos e precisamos consumir cada vez mais?

Trago aqui algumas reflexões que podem ajudar a entender melhor esse sentimento de incompletude. O ser humano é criador por natureza, faz parte de sua essência criar e transformar o mundo, e realizar-se com suas criações é uma fonte de muito prazer. Se você tem dúvidas sobre isso, basta lembrar da sensação que você tem quando prepara uma refeição especial, faz um desenho, escreve um texto ou cria um brinquedo para se divertir com seu filho. Antes da sociedade industrial, as pessoas eram responsáveis por todas as etapas de produção de suas criações, desde o projeto, passando pela escolha dos materiais até a finalização e acabamento dos produtos que produziam.

A sociedade industrial fragmentou e reduziu a qualidade da relação humana com o trabalho, alienando o ser humano do produto final de suas criações e transformando-o em uma peça de maquinário. Isso fez com que o trabalho deixasse de ser uma fonte de prazer e realização e se tornasse uma forma de ganhar dinheiro para poder usufruir mais tarde, por meio do consumo.

É por isso que muitas pessoas, mesmo tristes e insatisfeitas com seus trabalhos, evitam mudar sua situação e buscar outras oportunidades, pois o dinheiro “compensa” o sofrimento. Com isso, sua fonte de prazer é deslocada para os fins de semana e férias, quando podem sair para fazer compras, comer em restaurantes sofisticados e viajar para países exóticos.

Se você precisa esvaziar o bolso para ter prazer, talvez o primeiro passo seja repensar sua relação com o trabalho. Reveja quanto esse trabalho custa para você em saúde, qualidade de vida, satisfação e outros valores que não são financeiros, mas que somados, podem ter um preço muito alto na sua felicidade. Encontrar realização no trabalho pode ser uma ótima maneira de ter prazer remunerado.

E aproveitando o Dia do Professor, hoje também, recomendo para nós, educadores que desejamos provocar reflexões sobre consumo consciente nesta quarta-feira, o manual do ministério do Meio Ambiente sobre educação para o consumo sustentável, disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/educamb/_arquivos/consumo_sustentavel.pdf




[1] Para saber mais, leia A Sociedade de Consumo de Jean Baudrillard (Edições 70)

4 de agosto de 2014

O ser consciente passa gentileza adiante


Viver em uma megalópole como São Paulo é um grande desafio, disso ninguém duvida. Conviver com tanta gente compartilhando espaços e tempos restritos é um desafio ainda maior. Entretanto, há raros momentos de gentileza que merecem ser comentados.

A semana começou trazendo duas situações que alimentaram a minha esperança na capacidade humana de agir com consciência, visando o bem comum.

Acordei um pouco atrasada e na correria deixei escancarado o bolso da mochila, com a carteira quase pulando para fora. Peguei o ônibus cheio e ao descer no ponto, um rapaz me chamou, sorriu e avisou que a mochila estava aberta. Virei imediatamente para examinar o conteúdo e, ao contrário do que já estava esperando, nada havia sumido. Estava tudo ali, milimetricamente bagunçado, exatamente como eu havia deixado na minha pressa matinal.

Aliviada, continuei caminhando em direção à máquina para carregar o bilhete único, sem saldo para a passagem de metrô. Foi quando percebi que não tinha um único real para carregar o bendito bilhete. Tentei o cartão de débito, mas a máquina estava quebrada. Podem imaginar minha expressão de desânimo neste momento, só de pensar que teria que caminhar 20 minutos até a agência bancária mais próxima, o que certamente me atrasaria para a reunião que começaria em meia hora. De repente, surgiu um rapaz na minha frente e perguntou: está tudo bem?

Expliquei a situação e ele prontamente se ofereceu para pagar minha passagem de metrô. Eu nem precisei pedir! Claro que fiquei um tanto constrangida e meio sem ideias de como iria retribuir o favor. Tranquilamente, ele disse: eu já passei por isso e uma pessoa me ajudou, estou passando a gentileza adiante. Inspirada pela atitude, imediatamente me prontifiquei: Então, pronto! Se alguém precisar, repassarei o favor adiante. 
E ele respondeu: Faça isso!

Querido anônimo gentil, seja quem for ou de onde for, hoje você me relembrou que estamos interligados numa teia de relações e que somos todos um só. Quando faço bem ao outro, faço bem a mim mesmo.

Cada gesto conta. Boa semana!
























22 de março de 2014

O Ser Consciente dá seu sangue por uma boa causa!

"Esse é meu jeito de fazer revolução". É assim que Fabio Betti define sua contribuição habitual ao Hemocentro São Lucas onde vai mensalmente para doar plaquetas. Durante 1 hora e meia, ele se conecta a uma máquina que suga seu sangue, separa as plaquetas e devolve o restante.
Esse gesto já seria grande o suficiente para a maioria das pessoas, mas não para o Fábio. Dessa vez, ele resolveu ampliar a contribuição e convidou amigos para comemorar o seu aniversário "doando vida".

Foi uma festa muito animada, com tudo que tem direito. Palhaças, bolo, amigos e alegria!!

Só uma diferença entre essa festa e os aniversários comuns. O presente foi a solidariedade. Nós, amigos do Fábio, fomos convidados a participar desse dia junto com ele. Uma boa forma de reverter o quadro de falta de sangue que sempre aflige os hospitais brasileiros. 

Enquanto conversávamos sobre o assunto, Fábio comentou que gostaria de conhecer um paciente que já tenha recebido seu sangue. Nesse exato momento, a enfermeira traz a esposa de um dos pacientes, internado no hospital com câncer e já beneficiado pela atitude dele. Foi um momento de emoção que transbordou em todos nós. 

Feliz por ter aceito o convite de contribuir com a causa de Fábio, revê-lo e celebrar essa data especial, resolvi compartilhar um pouco dessa gratidão no blog, que tem o propósito de divulgar atitudes como essa de pessoas comuns que fazem a diferença no seu dia a dia. 



Uma boa dica para quem deseja celebrar novos ciclos de um jeito diferente.



E você, o que faz para mudar a realidade que tanto critica? 

Conte para nós!!!

26 de fevereiro de 2014

Encontro com o Futuro - NEF 10 anos

Fantástico o encontro dos 10 anos do NEF (Núcleo de Estudos do Futuro). Estar com pessoas iluminadas como Arnoldo de Hoyos, Ladislau Dowbor, Rosa Alegria, Lala Deheinzelin e Regina Migliori é sempre inspirador.

Frases que me tocaram ao longo da conversa:

"O futuro é o resto do tempo que a gente tem pra viver, é um território inexplorado
é um princípio de ação no presente" Rosa Alegria

"A única coisa permanente é a impermanência. A nossa diversão é fazer com que as pessoas não sintam medo dessa impermanência, pois ela pode assustar, mas de fato é uma oportunidade" Rosa Alegria

"A origem do NEF está na nossa insatisfação em ensinar apenas uma disciplina. Quando você ensina uma fatia, você não ensina as conexões" Ladislau Dowbor

"Para enxergar o que é visível mas ainda não foi visto, você precisa juntar os dados que carregam o longo prazo e começar a desenhar essa visão" Ladislau Dowbor

"Geograficamente vivemos em um mundo redondo, mas culturalmente vivemos em um mundo plano, pois só enxergamos os indicadores quantitativos, tangíveis e monetários. A economia é o fluxo não só monetário mas de todos os tipos de recurso. Enquanto os recursos tangíveis se esgotam em escassez, os intangíveis (conhecimento, cultura, criatividade, solidariedade) se multiplicam em abundância." Lala Deheinzelin

"Não basta falar de futuros desejáveis. É preciso viver um presente desejável." Lala Deheinzelin

“Toda a economia tradicional está fundada na visão de Adam Smith sobre o ser humano, ou seja, de que o homem age apenas movido por seu interesse próprio. Os estudos da neurociência revelam que o “interesse próprio” é um mecanismo processado nos núcleos da base cerebral. Porém, o que nos diferencia dos outros animais não é a base cerebral, mas sim a atividade no córtex pré-frontal, onde se processa o interesse coletivo. Portanto, nós humanos, somos estruturalmente éticos. Essa é a nossa natureza. E isso faz toda a diferença para definirmos as concepções da economia do futuro.” Regina Migliori

"Tudo que queremos buscar resume-se na palavra alinhamento. Encontrar o alinhamento interno permite nos conectarmos através de uma antena com o mundo esterno. À medida que estamos conscientes, afinamos a sintonia com esse processo, o que nos permite caminhar, fluir, entrar em flow com o universo" Arnoldo de Hoyos

"Um futuro já nos invadiu e está nos transformando" - NEF