12 de maio de 2009

Cobertura: II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade


Para quem, como eu,  não pode ir ao  II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, uma matéria que GIFE fez sobre o que rolou por lá.

Transformações começam com mudança de atitude  11/05/09  Rodrigo Zavala 

O Prêmio Nobel de Economia (2006), Edmund Phelps, foi bem sucinto durante sua apresentação no II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade, realizado nos últimos dias 6 e 7 de maio. Logo no início de sua fala, resumiu para uma platéia com cerca de duas mil pessoas, parafraseando o cineasta americano Woody Allen: "eu penso no futuro porque é lá que eu passarei o resto de minha vida".

Com a frase, originalmente do comediante George Burns, o economista acadêmico foi certeiro na mensagem, que poderia ser tomada como a conclusão do Fórum. O nosso futuro está intrinsecamente vinculado às atitudes que iremos tomar a partir de agora.

Embora pareça óbvia a constatação, os especialistas convidados pelo evento, alegaram durante dois dias de intensas atividades, que a mensagem ainda não está clara para a sociedade. Isto é, apesar de mais conscientizada, a população não transforma esses valores em atitudes por um mundo mais sustentável 

Tal como acredita a filósofa e física, Danah Zohar, professora do Programa de Liderança Estratégica na Universidade de Oxford. Segundo ela, a sociedade precisa acordar para um novo estilo de vida, que demanda uma mudança de postura, de mentalidade. “É preciso levar as pessoas a aceitarem um novo padrão de vida, de consumo”, comentou. 

Fazendo coro à colega de mesa, a Missionária oficial da Tradição Soto Shu, do Japão, Monja Coen, também reiterou a necessidade de uma transformação geral, que envolva toda a sociedade na busca pela sustentabilidade. “Não vamos lutar por esse mundo novo que aspiramos. Mas iremos construí-lo juntos”, acredita. 

As respostas aos desafios da sustentabilidade devem ser buscadas em nível local, regional e global, o que é em si um desafio enorme, como frisou o representante da Unesco no Brasil e Doutor em Comunicação, Vincent Defourny. 

“Em meio a crises múltiplas como as que estamos vivendo, sintomas da insustentabilidade de nosso mundo, apenas se endereçamos as questões globalmente poderemos conseguir respostas para os níveis regionais e locais, sem o que nenhum progresso será sustentável, pois hoje em dia toda resposta deve ter o tamanho do mundo”. 

Como chegar lá 

Para o economista Edmund Phelps, os países devem apostar em inovação.”Quanto mais inovação, melhor, pois aumenta o nível de investimento, produz emprego, estimula a criatividade”, afirmou. Isso se daria por meio de iniciativas que fomentariam as mudanças necessárias, estimuladas e financiadas por governos e pela iniciativa privada. 

Um exemplo, dado pelo acadêmico, tem a ver com o sistema financeiro e a lição que se pode tirar com a crise. “Os bancos seguiram rumos que não trazem benefícios à economia. Direcionar essa ganância em benefício à sociedade, com instrumentos que encorajem uma mudança de postura; aí está a inovação.” 

O economista Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz de 2006 e fundador do Grameen Bank, enviou um vídeo ao evento sobre o assunto. Segundo ele, a inovação é um desafio comum aos países. “A tecnologia está em nossas mãos. Precisamos encontrar conjuntamente as ferramentas de mudanças. Mas, para isso, é fundamental que o trabalho seja norteado por benefícios coletivos e não mais pessoais, como se vê.” 

Para o professor titular de economia da Unicamp e sócio da revista Carta Capital, Luiz Gonzaga Belluzzo, Phelps acertadamente defende uma maior simplicidade das idéias. Na visão dele, o desenvolvimento sustentável nada mais é que a relação saudável que temos com a natureza. Se o que se faz é nocivo, o futuro está condenado. 

O consultor sênior da diretoria executiva da Vale, Claudio Frischtak, acredita que o desafio da sustentabilidade é um tanto óbvio, mas ainda não parece ter sido entendido. 

Ao defender o envolvimento do setor privado na busca por transformações sociais importantes para uma cultura mais sustentável, o conselheiro considera o trabalho de empresas em três grandes pontos: a busca pelo lucro, a inovação (aquela considerada por Phelps, mais responsável) e o bem comum. “Não se trata de substituir o Estado, mas se articular às forças vivas da sociedade”, argumentou. 

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