Em 2007, Wesley Autrey, um operário da construção civil de 50 anos de idade, esperava o metrô junto com suas duas filhas pequenas numa estação no Harlem, Nova Iorque.
Enquanto uma centena de outros passantes assistia paralizada, Autrey entregou suas filhas a um estranho e se jogou atrás do rapaz. Numa fração de segundos, ele colocou-o no vão entre os trilhos e deitou-se sobre ele, esperando pelo pior. Um sobre o outro, Autrey e Hollopeter somavam 51 centímetros. O trem de 370 toneladas passou a 53 centímetros do solo, apenas dois centímetros acima da cabeça de Autrey.
No mesmo ano, num bairro de classe média baixa da cidade de Palmeira, Santa Catarina, uma pequena casa começou a pegar fogo por causa de um curto-circuito. Desesperada, Lucilene dos Santos, 36 anos, saiu à rua gritando por socorro para sua filha, a pequena Andrielli de apenas um ano e dez meses, que dormia em seu quarto.
Um vizinho que passava pela rua, Riquelme dos Santos, acalmou-a dizendo para não se preocupar pois ele salvaria a criança. Dito isso, entrou na casa em chamas e, momentos depois voltou com a menina nos braços, sã e salva. Sem dúvida um feito heróico por si só, mas ainda mais impressionante pelo fato de, na ocasião, Riquelme tinha apenas cinco anos de idade* e estava vestido como seu herói favorito: o Homem Aranha.
Este comportamento é estimulado pelo que Zimbardo batizou de Imaginação Heróica. A tese defendida pelo psicólogo americano é que algumas situações têm o poder de fazer três coisas: inspirar a maldade em uns; atos heróicos em outros; ou ainda, a indiferença.
Para Zimbardo nós precisamos instilar na população o sentimento de que podemos fazer a diferença em ocasiões especiais. Ele acredita que o heroísmo é o melhor antídoto para a maldade. Ao promover a imaginação heróica, especialmente nas crianças, queremos as pessoas pensando: "Eu sou o herói e estou esperando aparecer a situação onde agirei de forma heróica".
Os heróis de Zimbardo são pessoas comuns, como eu e você. São os Riquelmes e Auters que habitam em nós. São os anônimos heróis do dia-a-dia esperando, adormecidos, sua grande chance de fazer a diferença (e que não necessariamente representará algum risco de morte).
Se você gostou do assunto veja a apresentação de Phillip Zimbargo no TED.
Adaptado de: Experimentos em Psicologia - Phil Zimbardo e a imaginação heróica de Rodolfo Araújo
2 comentários:
Oi Gill, adorei os dois posts. Total relação com o tema do blog. É interessante pensar que uma pessoa comum pode se tornar um vilão ou um herói em frações de segundos, influenciada pela dinâmica dos acontecimentos ao seu redor. E claro, por sua consciência.
Beijos,
Andy
Olá pessoal, obrigado pela publicação dos meus textos!
Um abraço, Rodolfo.
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